São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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Lista aponta bens de Luxemburgo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma lista que está sendo investigada pela CPI do Futebol mostra que o ex-técnico da seleção brasileira Wanderley Luxemburgo comprou pelo menos 54 bens em leilões entre 1993 e 1997.
A Folha teve acesso à lista em que constam cinco apartamentos, uma casa, 17 lotes e terrenos no Rio e sete ônibus e caminhões.
O documento foi fornecido aos senadores em uma reunião secreta da CPI por Renata Alves, ex-procuradora de Luxemburgo.
Segundo ela, esses bens foram comprados em seu nome para Luxemburgo e depois revendidos pelo técnico. A lista é detalhada e traz endereços completos dos imóveis -incluindo nomes de ruas e números de apartamentos-, além das placas e anos de fabricação dos veículos.
A compra e venda de bens em leilões não é irregular, mas a CPI está apurando para quem teria sido vendido o que supostamente foi adquirido por Luxemburgo.
Com isso, a comissão poderá saber se parte dos bens foi repassada a jogadores, empresários, dirigentes de clubes ou outras pessoas ligadas ao futebol.
A CPI também deverá confrontar o valor dos bens listados por Renata com os rendimentos declarados por Luxemburgo à Receita Federal. Para ela, a maioria dos bens nem sequer chegou a ser registrada em nome de Luxemburgo. Era vendida em seguida.
A ex-procuradora do técnico disse que recebia uma comissão de 20% sobre os valores dos bens que adquiria em leilão. E afirmou que não se envolvia na venda dos bens do treinador, sem saber dar detalhes sobre como isso ocorria.
A Folha tentou falar ontem com Michel Assef, um dos advogados de Wanderley Luxemburgo.
O relator da CPI do Futebol, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), disse ontem ter ficado convencido de que compra por meio de leilões podem ser uma alternativa para a lavagem de dinheiro.
O senador fez a afirmação depois de ouvir o depoimento da presidente do Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeira) do Ministério da Fazenda, Adrienne de Senna.
Durante o depoimento de ontem, Althoff perguntou a Adrienne se poderia colocar um apartamento para ser vendido por R$ 20 mil em um leilão e atestar que ele foi comercializado por R$ 100 mil. "É possível lavar dinheiro em leilão judicial", disse ela.
O relator questionou também se havia possibilidade de a venda de jogadores esconder operações de lavagem de dinheiro.
Ela afirmou que, em tese, sim. "Uma das formas de se lavar dinheiro é por meio de passes de jogadores superfaturados."
Ela informou, entretanto, que o Coaf não está investigando nenhum caso desse gênero.


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