São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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OLIMPÍADA

Entidades patrocinadas por estatais aguardam nova administração para saber se terão patrocínios renovados

Governo Lula gera temor e esperança em confederações

EDUARDO OHATA
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

As confederações esportivas nacionais patrocinadas por empresas estatais aguardam o início do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva com uma mescla de medo e esperança.
O motivo é que o investimento destas em patrocínio, incluindo renovação de contratos, depende de diretrizes do governo federal.
"Esperamos renovar com a CEF em 2003, mas precisamos descobrir qual a direção do novo governo. Há muitos boatos, porém não houve nenhum anúncio. Temos de esperar o Lula assumir", analisa Martinho Nobre dos Santos, secretário-geral da Confederação Brasileira de Atletismo.
"[Se o patrocínio acabar], a CBAt não vai parar de funcionar, os maiores prejudicados serão os atletas. Cerca de 60% do dinheiro é distribuído entre atletas e treinadores", afirma, ao acrescentar que o planejamento para 2003 foi enviado à Caixa em agosto.
Discurso igual é adotado pela Federação Brasileira de Vela e Motor. "Acho que essa conversa de que as estatais vão parar de patrocinar é só com relação ao futebol. Caso acabe o patrocínio, o que acontece? Ninguém quer ver o esporte de alto rendimento acabar", afirma Robinson Hassellman, vice-presidente da entidade.
"O dinheiro de nosso contrato [com a Petrobras], uns 99%, vai para o pagamento de ajuda de custo a atletas e a manutenção da seleção olímpica permanente."
O presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, projeta expectativa "altamente positiva" quanto à renovação com os Correios. "Eles estão felizes e não vão deixar de nos patrocinar. O deputado Gilmar Machado [do PT-MG, relator do Estatuto do Desporto] disse que o Lula vai apoiar o esporte. E quem faz esporte é o COB e as confederações." A Folha, porém, apurou que Nunes, que anteontem esteve em Brasília para acompanhar o Brasileiro dos funcionários dos Correios, tem demonstrado preocupação.
A Confederação Brasileira de Vôlei está em posição mais confortável, pois seu contrato com o Banco do Brasil estende-se até 2004. Apesar de o presidente da entidade, Ary da Graça, acreditar que não enfrentará problemas na continuidade do contrato, o dirigente "quer esperar para ver o que o novo governo vai fazer".
A Confederação Brasileira de Automobilismo não tem patrocínio estatal, mas vários eventos ligados à modalidade contam com apoio de empresas do governo.
O presidente da entidade, Paulo Enéas Scaglione, diz acreditar ser muito difícil o fim de apoio das estatais ao esporte. "O esporte tem o retorno mais barato. Só vai acabar [o apoio das estatais] se cortarem totalmente as verbas promocionais, o que parece impossível."
Assim como o automobilismo, a Confederação Brasileira de Tênis também não conta com patrocínio estatal, mas eventos ligados à modalidade têm apoio do Banco do Brasil. "A gente acerta acordo por projetos e não um plano global. É lógico que a gente quer que continue, mas em caso de término, os organizadores irão procurar outras empresas", diz Nelson Nástas, presidente da CBT.


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