São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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SONINHA

Vexame, festa, vexame


Do Campeonato Brasileiro ao espetáculo produzido pela seleção brasileira à tragédia do país rumo à Copa de 2014

O SÃO PAULO podia até ter perdido ou empatado um de seus últimos confrontos (e pode perder um dos próximos), mas vexame ele não dá. Já seus adversários diretos na disputa pelo título cansaram de buscar bolas no fundo da rede em rodadas recentes: o Cruzeiro tomou quatro gols nos Aflitos, e o Palmeiras, no Maracanã. O Flamengo levou três do Atlético-MG diante de 60 mil adeptos, e o Grêmio volta de Salvador com quatro gols na bagagem. Assim fica difícil.
Por falar em adeptos e gols, que delícia a partida de quarta passada. Nem parecia seleção brasileira! Time entrosado, talentos individuais reluzindo, jogadas fluindo com naturalidade pelos dois lados, tentos marcados de várias maneiras... Parecia um menu degustação, com amostras do que temos de melhor no cardápio. Impossível não gostar de uma apresentação como aquela?
Dunga gostou, ainda bem.
Durante a maior parte da entrevista coletiva depois do jogo, estava aliviado, feliz. Perdeu a esportiva quando perguntaram se Ronaldinho Gaúcho ainda tem lugar no time.
""Vamos curtir o bom resultado de hoje!", foi o teor da resposta, em tom exasperado. Se fosse dado à sinceridade impulsiva de outros personagens do futebol, acrescentaria: ""Sabe lá quando teremos outra apresentação como essa!".
Como Anderson, habitualmente franco, que lembrou que a festa foi bonita, pá, mas não serve de parâmetro. Coisa que o próprio técnico admitiu, sem perceber: ""Quando você tem jogadores descansados, motivados, um adversário também disposto a jogar, acontece naturalmente". Isso mesmo! Em situações como essa, não é difícil ser técnico da seleção. Com Kaká e Robinho querendo exibir suas qualidades (para o rival badalado, a torcida e até mesmo um para o outro) e conseguindo, temos meio caminho andado.
Some-se a isso um camisa 9 perfeitamente imbuído de sua responsabilidade e afortunadamente eficaz e pronto. As finalizações improváveis e perfeitas de Elano e Maicon e o cabeceio certeiro de Adriano foram luxuosos adicionais.
O problema é que os jogadores farão viagens cansativas em momentos críticos da temporada; medirão forças com adversários bem menos estimulantes que o selecionado português; terão de encarar times plantados na defesa, preocupadíssimos em sufocar nossos talentos antes (ou em vez de) qualquer outra coisa.
Nessas situações, em que não ""acontece naturalmente", é que precisamos de um técnico seguro, experiente, capaz de identificar rapidamente quem não está funcionando bem e por quê, apto a promover mudanças com a bola rolando, mexendo no posicionamento, trocando jogadores, dando instruções precisas.
Também seria bom que preparasse a equipe para tais condições adversas... Reconheço que tempo para treinar a seleção é pedido a ser feito para o Papai Noel no Natal, mas o pouco que resta disponível costuma ser muito mal utilizado.
Por falar em mal utilizado: que farra promoveu o ""GDF"! Além das despesas com o estádio e o evento, bastante significativas, ainda contratou Romário para um longo comercial exaltando as belezas do novo Bezerrão. O ""empenho" para 2014 já começou!

soninha.folha@uol.com.br


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