São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 2000

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STJD admite mulheres pela 1ª vez

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Três mulheres vão ser nomeadas para julgar os principais processos do futebol em 2001.
A partir de fevereiro, elas vão ocupar cargos de auditoras nas duas turmas da Comissão Disciplinar, a primeira instância da Justiça desportiva. Até hoje, nenhuma mulher havia integrado um tribunal nacional do futebol.
A informação foi dada à Folha por Luiz Zveiter, presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), a última instância da Justiça desportiva.
A nomeação dos novos auditores das duas turmas da Comissão Disciplinar é feita pelos integrantes do STJD, segundo a Lei Pelé.
Apesar de já estar definido que três mulheres vão ocupar os cargos, ainda não foi decidido quem serão as ocupantes.
A definição dos novos auditores será feita no início do mês que vem, após uma sabatina com as candidatas, cujos nomes estão sendo mantidos em sigilo.
Para ocupar as cadeiras no tribunal, elas não têm que fazer um curso ou uma prova específica. O candidato, porém, precisa ter notório conhecimento jurídico.
A mudança faz parte da reformulação que o STJD vai fazer. "A nossa intenção é acabar com o ar turrão do tribunal", disse Zveiter.
Será a segunda alteração na composição do tribunal em menos de três meses. Em novembro, dois estudantes de direito foram nomeados como integrantes da Comissão Disciplinar. A entrada dos dois foi cercada de polêmica.
Flávio Zveiter,19, e Paulo César Salomão Filho, 20, eram filhos de integrantes do STJD.
Flávio é filho do presidente Luiz Zveiter. Paulo, por sua vez, é filho do vice-presidente do STJD, Paulo César Salomão. Os dois jovens integram turmas diferentes.
Na época, Zveiter disse que não houve paternalismo na decisão. O Sindbol, entidade que reúne os principais clubes de São Paulo, entrou com um pedido no Ministério do Esporte e Turismo pedindo uma intervenção no tribunal.
A Comissão Disciplinar tem poderes para suspender ou eliminar um atleta, multar e tirar pontos ou rendas de um clubes.
Neste ano, as duas turmas julgaram uma série de casos polêmicos. Jogadores foram flagrados por uso de cocaína e maconha.
A comissão julgou até um caso inusitado de "doping sexual", que constrangeu os auditores. O lateral Rubens Assis, 23, do Paysandu, foi acusado de ter atuado dopado e garantiu que foi "vítima de seus débitos conjugais".
Segundo seu advogado, Assis teria consumido o esteróide anabolizante clostebol involuntariamente, ao ter relações sexuais com sua mulher, que usava uma pomada ginecológica contendo a substância. Ele foi absolvido.


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