|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Desertores sonham com retorno pós-Fidel
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles deixaram Cuba em busca do profissionalismo. Queriam mais chances para crescer
e ganhar dinheiro com o esporte. Na ilha, isso não era possível.
Mas a vontade de voltar dos
desertores às vezes é grande. A
escolha impôs sacrifícios: deixar para trás a família, que tem
restrições para visitá-los.
Pelas leis cubanas, os parentes de quem deixou o país para
tentar uma vida no exterior
precisam enfrentar uma "quarentena", que chega a cinco
anos, para saírem do país.
Quem abandonou a terra natal
não pode voltar.
A doença de Fidel Castro e
seu afastamento do poder, porém, trouxeram nova esperança. Atletas radicados no Brasil e
na Europa apostam em um
afrouxamento das regras. "Espero que a coisa fique mais flexível. Seria bom", afirma a pivô
de basquete Lisdeivi Victores
Pompas, primeira desertora a
atuar no basquete profissional
do Brasil -pelo Ourinhos (SP).
Angel Dennis fez caminho
semelhante, mas para a Itália.
Ele abandonou o país no início
de 2002 ao lado de cinco companheiros do vôlei. O atleta teve de esperar dois anos para
atuar em um time local. E quase cinco anos para reencontrar
os pais. Só em julho viu Caridad
e Williams juntos. "É sofrido ficar longe. Falávamos só por telefone", afirmou à Folha.
Dennis se casou com uma
italiana. Não pensa em voltar a
viver no país natal, mas sonha
em rever familiares e amigos.
Quando deixou Cuba, tentou
acordo para seguir na seleção.
"A gente queria vestir a camisa do nosso país, mas também queria ter a chance de jogar em times profissionais."
Dennis conta que os desertores enviaram uma carta ao governo cubano. Dariam parte de
seus salários em troca de liberdade de atuar na Itália e defender sua seleção. Pedido negado.
Atletas de Cuba não podem
atuar como profissionais. Exceções, porém, já foram abertas, como na ida de jogadores
para o vôlei italiano por determinados períodos ou na atuação de destaques do beisebol
no Japão. Mas a proibição ainda é a regra no país.
Para a Human Rights Watch,
organização que se dedica à
proteção dos direitos humanos, as restrições de visita a parentes são uma agressão à liberdade. "Claramente isso infringe o direito de ir e vir. Não
sei se algo mudará sem Fidel,
mas tememos que a situação
piore", diz Daniel Wilkinson,
membro da entidade.0
(GR E ML)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Olimpíada: Coréias estão perto de acordo, diz COI Índice
|