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Congresso corta R$ 1,2 bi em verbas para a Copa-2014
Ajustes afetam 12 Estados e foram resultado da pressão
de parlamentares, segundo o relator do Orçamento-2010
Ministro do Esporte chama de "chantagem" o acordo entre governo e oposição para realocar recursos do Mundial em outros projetos
FERNANDA ODILLA
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator do Orçamento da
União para 2010, deputado Geraldo Magela (PT-DF), disse
ontem que pressões de última
hora o levaram a retirar R$ 1,2
bilhão dos recursos destinados
a investimentos para a Copa de
2014 em 12 Estados.
São Paulo, por exemplo, deixará de levar R$ 77 milhões para o reaparelhamento da polícia, além de R$ 23 milhões para
obras de infraestrutura em esporte e lazer. Já o Ceará não ficará com R$ 100 milhões que,
entre outras ações, complementariam obras do Castelão,
uma das arenas da Copa.
"É o custo que tem a disputa
política", reclamou o relator,
explicando que esse dinheiro
atendia a pleitos dos Estados
em diferentes áreas, como segurança, transporte, turismo e
infraestrutura urbana. Magela
disse que vai tentar salvar cerca
de R$ 400 milhões que não estavam reservados para ações de
investimentos, mas de custeio,
como as bolsas de capacitação
para a polícia do Rio de Janeiro.
Os recursos serão realocados
em outras ações das bancadas
estaduais na Câmara e no Senado. Apesar do corte, o governo
pode, com aval do Congresso,
remanejar verbas em 2010.
Ainda assim, o ministro do
Esporte, Orlando Silva, classificou como "chantagem" o acordo feito entre a base governista
e a oposição para pulverizar,
entre deputados e senadores,
parte da verba reservada para
obras do Mundial no Brasil.
Segundo Silva, o ministério
tinha disponíveis R$ 200 milhões para infraestrutura esportiva, que foram reduzidos a
R$ 8 milhões. "Aos 47 minutos
do segundo tempo, foi feito esse acordo. É uma contradição
que vai atrapalhar a preparação
do Brasil", disse o ministro.
Apesar das críticas ao Orçamento, Orlando Silva afirmou
que o governo federal investirá
R$ 8 bilhões em mobilidade urbana, 60% a mais que os R$ 5
bilhões inicialmente previstos.
O anúncio oficial será feito
em janeiro pelo presidente Lula. Segundo Silva, os Estados e
municípios deverão investir
outros R$ 5 bilhões, totalizando R$ 13 bilhões. Orlando Silva,
entretanto, não deu detalhes do
cronograma das obras do PAC
para a Copa de 2014.
O ministro disse apenas que
um dos principais problemas
são as obras nos aeroportos,
que atualmente mal conseguem atender ao mercado interno. "O cronograma da Infraero tem que ser cumprido
religiosamente, sob pena de colapso", disse o ministro.
Segundo a assessoria da Infraero, as obras não estão atrasadas. A estimativa é aumentar
a capacidade de passageiros de
86 milhões para 143 milhões.
O ministro do Esporte disse
também que outra preocupação são os atrasos nas obras de
infraestrutura em Brasília.
Com a crise do "mensalão do
DEM", que abalou o governo de
José Roberto Arruda (ex-DEM), as obras para a construção do veículo leve sobre trilhos
estão ameaçadas de perder recursos de uma financiadora
francesa. "Qualquer instabilidade na obra anula o projeto selecionado para Brasília", declarou Orlando Silva.
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