São Paulo, quinta, 24 de dezembro de 1998

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FUTEBOL
Diretoria do clube decide relegar Paulista-98, preparando-se melhor para o principal torneio sul-americano
Corinthians vai priorizar Libertadores

da Reportagem Local


Após consumada a conquista do Brasileiro-98, os corintianos já adotam como discurso a importância da disputa da Taça Libertadores da América de 99.
Será a quarta vez que o clube disputa o principal torneio sul-americano interclubes. A estréia da equipe está marcada para o dia 24 de fevereiro contra o Palmeiras, campeão da Copa do Brasil.
Segundo os dirigentes corintianos, a competição ganhará prioridade total no primeiro semestre de 99, apesar dos empecilhos.
O maior deles será demonstrar ao presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, que o time não estará menosprezando o Campeonato Paulista.
Segundo o regulamento da competição, o time que não usar os titulares nos jogos do torneio não receberá R$ 600 mil que a federação promete pagar aos mandantes.
A desculpa de Alberto Dualib, presidente do Corinthians, é que a equipe conta com "22 titulares".
Na prática, no entanto, priorizar a Libertadores significa deixar o Paulista em segundo plano. "Se for para ganhar só um dos dois, é lógico que eu fico com a Libertadores, que nós nunca ganhamos", disse o dirigente, que tentará usar sua amizade com Farah para evitar retaliações ao clube.
Segundo o vice-presidente de marketing corintiano, Edgar Soares, o clube estima em R$ 10 milhões os lucros na Libertadores apenas em direitos de transmissão de TV. Além disso, para Dualib, uma boa participação no torneio sul-americano serve para dar uma face mais internacional ao time.
O dirigente cita o torneio de 96, quando o time ganhou vaga com a conquista da Copa do Brasil-95, como exemplo negativo.
Dualib, que já presidia o clube à época, afirma que foi um erro muito grande dar a mesma importância para o Paulista e para a Libertadores daquele ano. "Fomos tentar nos dividir entre os dois torneios e nos demos mal. Hoje reconheço que usamos a estratégia errada."
Dualib já faz até planos para a manutenção do time e da comissão técnica para "realizar este grande sonho, que é chegar a Tóquio", já que o campeão da Libertadores disputa a decisão do Mundial interclubes com o vencedor da Copa dos Campeões da Europa.
Os dois nomes mais difíceis de segurar para 99, segundo o presidente corintiano, são o técnico Luxemburgo e o zagueiro Gamarra.
Em relação ao atleta, Dualib afirma que depois que este ganhou fama de "melhor zagueiro do mundo", o assédio cresceu muito.
"É uma proposta formidável a que fizeram para ele", afirma, referindo-se ao interesse do clube francês Paris Saint-Germain.
Em relação à conquista do Brasileiro, o dirigente ressaltou as qualidades do adversário. "Pegamos uma pedreira muito grande."
O dirigente afirmou, no entanto, que dava como certa a conquista.
"Eu confiava tanto que mandei fazer esta faixa (com a inscrição 'Corinthians, campeão brasileiro') há um mês. Mandei fazer 50, para todos os jogadores usarem."
O técnico Wanderley Luxemburgo adotou discurso parecido.
"Fiz questão de parabenizar o Cruzeiro, que foi um grande adversário. Eles merecem todas as homenagens dos mineiros", afirmou o técnico. "Eles nos deram um sufoco no final."
"O brasileiro tem que começar a valorizar o vice-campeonato. Ser vice é importante em qualquer país, tem que ser importante no Brasil também." (JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO, LUIZ CESAR PIMENTEL e MAÉRCIO SANTAMARINA)


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