São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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SP 450

Pesquisa Datafolha revela que 20% dos paulistanos não têm um time de coração

Cidade torce cada vez menos

DA REPORTAGEM LOCAL

A São Paulo que começou a jogar bola no século 19, que já teve no Pacaembu o maior estádio do país e que viu seus clubes colecionarem taças nacionais e internacionais chega hoje aos 450 anos já sem tanta vibração pelo futebol.
Pesquisa feita pelo Datafolha revela que, hoje, 20% dos paulistanos não torcem para nenhum time. O índice é 66,7% maior do que o registrado há dez anos (12%), bate os contigentes de palmeirenses (15%) e de santistas (7%) e iguala o de são-paulinos.
Coincidência ou não, após tantos anos de campeonatos confusos, bagunça nos bastidores, violência nas arquibancadas e aumento nos preços dos ingressos, a massa dos sem-time tornou-se a segunda maior da capital paulista.
Hoje, só perde para a do Corinthians, com 33% de preferência.
A pesquisa foi realizada entre 19 de novembro e 3 de dezembro do ano passado com 4.509 pessoas em toda a cidade, dividida em 19 áreas. A margem de erro da sondagem é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
"O preço do ingresso é muito alto. Quem mora distante tem que pegar duas ou três conduções, pagar uma fortuna. Não tem como ir ao estádio e, com isso, acaba se afastando do futebol depois de algum tempo", diz o economista Francisco Pessoa Faria.
Faz sentido. Segundo o Datafolha, que mapeou a paixão do torcedor por regiões, os paulistanos que declararam não ter um clube do coração se concentram nos bairros mais periféricos da cidade, como Marsilac, Freguesia do Ó, Lajeado, Cidade Dutra, Itaim Paulista, Grajaú e Guaianazes.
E, entre os sem-time, 74% têm uma renda familiar mensal inferior a cinco salários mínimos, o equivalente hoje a R$ 1.200.
Em contrapartida, os torcedores mais fiéis estão nos arredores dos estádios. O São Paulo é o time mais popular no Morumbi; o Corinthians, no Tatuapé. Embora não vença, o Palmeiras alcança seu maior índice nos bairros que circundam o Parque Antarctica.
A pesquisa é reveladora. E um alerta, numa era em que os dirigentes buscam elitizar ainda mais um esporte já tão de elite.



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