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SP 450
Pesquisa Datafolha revela que 20% dos paulistanos não têm um time de coração
Cidade torce cada vez menos
DA REPORTAGEM LOCAL
A São Paulo que começou a jogar bola no século 19, que já teve
no Pacaembu o maior estádio do
país e que viu seus clubes colecionarem taças nacionais e internacionais chega hoje aos 450 anos já
sem tanta vibração pelo futebol.
Pesquisa feita pelo Datafolha revela que, hoje, 20% dos paulistanos não torcem para nenhum time. O índice é 66,7% maior do
que o registrado há dez anos
(12%), bate os contigentes de palmeirenses (15%) e de santistas
(7%) e iguala o de são-paulinos.
Coincidência ou não, após tantos anos de campeonatos confusos, bagunça nos bastidores, violência nas arquibancadas e aumento nos preços dos ingressos, a
massa dos sem-time tornou-se a
segunda maior da capital paulista.
Hoje, só perde para a do Corinthians, com 33% de preferência.
A pesquisa foi realizada entre 19
de novembro e 3 de dezembro do
ano passado com 4.509 pessoas
em toda a cidade, dividida em 19
áreas. A margem de erro da sondagem é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
"O preço do ingresso é muito alto. Quem mora distante tem que
pegar duas ou três conduções, pagar uma fortuna. Não tem como ir
ao estádio e, com isso, acaba se
afastando do futebol depois de algum tempo", diz o economista
Francisco Pessoa Faria.
Faz sentido. Segundo o Datafolha, que mapeou a paixão do torcedor por regiões, os paulistanos
que declararam não ter um clube
do coração se concentram nos
bairros mais periféricos da cidade, como Marsilac, Freguesia do
Ó, Lajeado, Cidade Dutra, Itaim
Paulista, Grajaú e Guaianazes.
E, entre os sem-time, 74% têm
uma renda familiar mensal inferior a cinco salários mínimos, o
equivalente hoje a R$ 1.200.
Em contrapartida, os torcedores mais fiéis estão nos arredores
dos estádios. O São Paulo é o time
mais popular no Morumbi; o Corinthians, no Tatuapé. Embora
não vença, o Palmeiras alcança
seu maior índice nos bairros que
circundam o Parque Antarctica.
A pesquisa é reveladora. E um
alerta, numa era em que os dirigentes buscam elitizar ainda mais
um esporte já tão de elite.
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