São Paulo, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

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SONINHA

Mau humor


Programação da TV, regulamentos, falta de "algo", rigor x leniência, mau gosto ao festejar: tudo me irrita!

EM NENHUM dos mais de 60 canais de TV que eu tenho em casa, pelos quais pago R$ 116,85 por mês, pude assistir ao jogo que mais me interessava no fim de semana: a final da Taça Guanabara.
Tinha duas opções para Ponte Preta x Corinthians, duas para Milan x Palermo, o "pague-para-ver" passando São Paulo x Noroeste e até Galo do Parque x Harmonia, no Canal Comunitário (neste último jogo, o gramado parecia melhor do que o do primeiro). Mas o clássico do Rio, que parecia emocionante até no minuto-a-minuto da internet, tinha apenas um VT programado para as dez da noite. Brincadeira, como diria o Gérson.
Com as alterações ridículas em seu regulamento, descaradamente privilegiando os grandes da capital, o nome fantasia "Campeonato Carioca" (o certo seria "Fluminense") vai fazendo cada vez mais sentido.
Mas nem mesmo as tentativas de avacalhação conseguem tirar-lhe a graça. Enquanto em São Paulo se disputava a 11ª rodada de um total de 19, depois das quais os quatro melhores se enfrentam para só então haver uma final, o Rio já passou por semifinais e um time já deu volta olímpica. É só o título do primeiro turno, mas a Taça Guanabara tem muito charme (e eu queria ter visto ao vivo, oras bolas).

O que falta?
Já escrevi aqui que compreendo a falta de empolgação de um jogador-de-time-grande-enfrentando-time-pequeno. E que detesto o refrão da "falta de garra" para explicar qualquer derrota do favorito. Mas sou obrigada a admitir que falta um não-sei-quê ao time do Palmeiras.
Minha cisma é que o time reflete o jeito meio blasé de Luxemburgo, que parece enfastiado do futebol. Não tenho nenhum elemento concreto para isso (como aquela cena de Roberto Carlos deitado à beira do campo durante um jogo do Brasil na Copa). Ao contrário, no sábado ele foi até expulso por se envolver demais.
Mas a impressão persiste. Depois de ir a Madri e voltar e de ver a seleção brasileira cada vez mais distante, tirar o Palmeiras da fila parece um desafio incapaz de fazer seu sangue ferver como antes.

Comemorações
Acosta fez ontem dois gols pelo Corinthians. Um foi anulado incorretamente (o bandeira apontou impedimento que não havia). O outro, conclusão tranqüila de ótima jogada do Carlos Alberto pela direita, rendeu-lhe um cartão amarelo por "excesso" na comemoração (levantou a camisa, subiu no alambrado etc).
OK, ele pode achar a determinação cretina (como eu acho), mas tem de cumpri-la. Nessas situações, a interpretação do juiz costuma ser muito mais impiedosa do que nos casos de botinadas, e o jogador precisa saber disso. (Raulen, nos minutos finais do jogo, deu um descarado pontapé na canela do André Santos junto à linha de fundo e saiu ileso).
Por causa do terceiro amarelo, Acosta está inapelavelmente fora do clássico com o Palmeiras. Enquanto isso, está na moda a comemoração que imita um estupro. Sim, um estupro.
Em uma relação consentida, espera-se que seja bom para ambas as partes, e não é essa a idéia do gesto grotesco que os jogadores têm feito em campo depois de um gol. Apelando para o código machista de conduta dos campos, "vocês acham bonito fazer isso na frente da sua mãe, irmãs e filhas pequenas"? Feio, muito feio.

soninha.folha@uol.com.br


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