São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004

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AÇÃO

Nasce um ranking

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

O wakeboard é uma atividade relativamente nova, um desses esportes que são gerados pela fusão de dois ou mais dos considerados contemporâneos. Nesse caso, do surfe, do skate, do snowboard e do esqui. Por ser recente, não tem um circuito mundial profissional organizado nem, portanto, um ranking. Ou melhor, não tinha. Entre os dias 2 e 4 acontecerá na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, a etapa inaugural do primeiro circuito profissional de wake, organizado pela WWA, a Associação Internacional de Wakeboarding, que ajudará o esporte a crescer sustentavelmente e terá um ranking internacional.
Exatamente por isso, as inscrições para a primeira etapa do Wakeboard World Series, ou WWS, estão abertas. O empresário e bicampeão nacional Mario Manzoli, 31, conhecido como Marito, acredita que haverá perto de 30 atletas competindo por um ranking. Destes, 14 estrangeiros.
Não existe, entretanto, muita chance de um brasileiro sair como número um. Isso porque, como normalmente acontece por aqui, um esporte alternativo não se sustenta. Nossos melhores atletas têm que treinar nas horas vagas e trabalhar em outras atividades. Em alguns países desenvolvidos, há quem viva do wake e, com apoio de um patrocinador, consiga treinar cinco dias por semana, oito horas por dia. Só nos EUA, são quase 4 milhões de praticantes. Trata-se, portanto, de uma indústria tão grande quanto a do surfe. No Brasil, estima-se que 40 mil pessoas já tenham provado o gosto do wake, mas dessas só 2.000 praticam regularmente.
Por conta disso, a diferença técnica entre "nós" e "eles" é ainda grande. As atuais potências do esporte são EUA e Austrália e, muito provavelmente, o primeiro número um da história será de um deles. Os nomes dos americanos Darin Shapiro e Daniel Harf são os mais cotados. Shapiro, 28, é o atleta com mais títulos no esporte, enquanto Harf, ouro nos três últimos X-Games, faz parte da nova geração. Os dois estarão no Rio e, em condições normais de temperatura e pressão, deverão disputar quem entrará para a história como o primeiro líder do WWS.
Mas nada é tão certo quando não existe um histórico, e o formato do torneio é desenhado para por pressão. Serão só duas passagens em cada fase, uma de ida e outra de volta, de uma bóia a outra. Como cada passagem tem 30 segundos, o atleta terá um minuto para exibir sua rotina. Marito calcula que eles terão tempo para executar, em média, dez manobras. É um formato cruel e capaz de prejudicar aquele que é tecnicamente sofisticado, mas não tem estômago para situações-limite.
A má notícia é que, desta vez, apenas homens competirão no WWS. As mulheres deverão esperar mais um pouco pela chance de se organizar mundialmente. A boa notícia é que esse primeiro circuito mundial, que terá seis etapas -Brasil, Suíça, Japão, EUA (2) e Canadá-, distribuirá US$ 200 mil em prêmios, a perna brasileira, US$ 15 mil. No dia 4 o mundo conhecerá seu primeiro número um do esporte, e o wake terá, após mais de dez anos de vida, se firmado mundialmente.

Surfe WQS
Kelly Slater venceu a quinta etapa do ano, em Sydney, Austrália. O local Kirk Flintoff ficou em segundo e lidera o ranking. Neco Padaratz, que venceu Slater nas quartas-de-final, terminou em terceiro.

Surfe no telão
No sábado, dia 27, o Vivo Open Air, que está sendo realizado no Jockey Club de São Paulo, dará sua contribuição ao surfe exibindo o premiado documentário "Step Into Liquid" na sessão da meia-noite.

Surfe feminino
A categoria terá a etapa de abertura do Circuito Petrobras entre os dias 2 e 4 de abril em Ubatuba. Maceió, em junho, e Rio de Janeiro, em outubro, completam o torneio.

E-mail sarli@trip.com.br


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