São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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JUCA KFOURI

Gotemburgo, quase 50 anos depois


Num dos palcos do nascimento do penta, a seleção brasileira passa fácil pelo frágil time do Chile


ROBINHO NÃO é Garrincha, nem Kaká é Didi, nem Ronaldinho é Pelé. Ronaldinho jogou com a 7 de Mané que, no entanto, na Copa-58, vestiu a 11, que estava no corpo de Robinho, como já esteve no de Romário, e Kaká usava a 10 de Pelé (Didi jogou na Suécia com a 6). O novo trio brasileiro honrou seus antecessores na fácil vitória de 4 a 0 sobre os só violentos chilenos.
E se para alguma coisa serviu o amistoso em Gotemburgo, foi para demonstrar o óbvio: quem tem o trio KáRoRo tem de usá-lo sempre e em qualquer ocasião.
Como? É problema do técnico brasileiro, que é pago para solucionar problemas tão doces.
Mas é, principalmente, problema amargo para os treinadores das equipes adversárias.
Porque a capacidade que cada um deles tem de resolver um jogo, ou fazendo gol ou dando gols, não se encontra em nenhum outro time do planeta, pelo menos reunida.

Aviso de amigo
Evite andar por certas áreas da cidade de São Paulo hoje no fim da tarde, começo da noite. Evite também usar serviços públicos de transportes ou camisas de clubes.
Passe bem longe da estação da Barra Funda, por exemplo. É que torcedores do Corinthians, do Santos e do São Paulo estarão circulando entre o ABC, o Pacaembu e o Parque Antarctica mais ou menos no mesmo horário e exatamente no mesmo horário. A FPF, diga-se, garante que haverá paz. Relaxe, pois. E fique em casa.

Verbo x verba
Na batalha para seduzir aliados pelos direitos do Brasileiro-09, vale tudo. Vale até transformar inimigos figadais em caríssimos amigos.
Como, por exemplo, está fazendo a Record com aquele que já foi considerado um dos maiores pecadores do futebol, por não ter papas nem bispos na língua e atacar a Igreja Universal do Reino de Deus com todas as letras.
Eis que Roque Citadini, novamente com influência formal no Corinthians, passou a ser procurado pela direção da emissora como se fosse o próprio Jesus. Só falta convidá-lo para a Santa Ceia.
Mário Celso Petraglia, do Atlético-PR, é outro que só não virou santo porque em santo, ou em santa, a IURD prefere dar pontapés. Mas ele é também bem-vindo.
Não será surpresa se começarem campanha para levar Emerson Leão à seleção. Porque promiscuidade é isso aí.

Igreja e estado
Ao não obedecer essa sagrada separação entre comercial e editorial, a Globo Esporte passou por momentos de constrangimento na última reunião do Clube dos 13.
Sem ter o que fazer num encontro de negócios, eis que o diretor de Esportes da Globo, o jornalista Luís Fernando Lima, teve de ouvir um destampatório de Eurico Miranda - por revanchismo, natural aliado da Record - e, de quebra, até queixas do presidente do Fluminense, Roberto Horcades, irritado com as críticas que tem recebido do colunista do "Globo", e da equipe da Sportv, Renato Maurício Prado.
Porque quem vai onde não deve ouve o que não quer.

Os mil do Romário
Se Romário chegar aos mil hoje, no Maracanã, os gols serão só dele e de mais ninguém. Gols que ele contabiliza desde menino, com carinho. Gols que merecerão comemoração, porque se um gênio comemora e fica feliz, o mundo pode comemorar com ele e ficar feliz.
Sem perder, porém, a essência do ofício de jornalista: a exatidão. Sem ufanismos tolos, tão ao gosto dos que imaginam que uma mentira repetida mil vezes vira verdade. Pois Romário é um artilheiro nato, não um mentiroso nato.

blogdojuca@uol.com.br


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