São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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JUCA KFOURI

Meça Messi


Qual é o verdadeiro tamanho do Pulga? Leão no Barcelona, por que Lionel não jogou ainda pela seleção?


SEU 1,69 m é igual ao de Romário e ao de Mané Garrincha, três centímetros a menos do que Pelé e quatro a mais do que Diego Maradona. Já os Ronaldos têm mais de 1,80 m.
Lionel Messi, que os argentinos chamam de Pulga e os catalães de Messias, está no trono.
Trata-se de um jogador simplesmente extraordinário, mas é melhor economizar os adjetivos.
Até porque já vimos Ronaldinho Gaúcho se aproximar do patamar de Pelé e Mané Garrincha quando jogava pelo mesmo Barcelona e nem por isso hoje está entre os dez maiores do Brasil, atrás também de Ronaldo, de Romário, de Didi, de Zico, de Tostão, de Falcão, de Rivellino, de Nilton Santos, não necessariamente nessa ordem, para não falar dos que não vi, como Friedenreich e Leônidas da Silva.
Fico a imaginar o que seria se Messi tivesse se naturalizado espanhol, como se ensaiou e ele tratou de recusar. Já imaginou o novo rei do futebol com a camisa dessa Fúria que mesmo sem ele já assusta?
E, com a camisa argentina, por que não funciona? Pensei que pudesse ser por um certo estranhamento dele mesmo, desde os 13 anos na Catalunha, e de seus companheiros e torcedores conterrâneos.
Achei que talvez ele não tivesse o que a língua espanhola chama de sentimento de "pertenencia", palavra que vai além do pertencer, aproxima-se do pertencimento, mas é mais, como "saudade" também não tem tradução.
O brilhante jornalista e sociólogo argentino Sergio Levinsky, porém, explica que não é bem assim.
"Sim, apesar de seu estilo francamente sul-americano, seu futebol estaria mais cômodo na Fúria, pois não jogaria tão isolado com Higuaín, longe dos volantes como na Argentina, pois Iniesta e Xavi são seus assistentes no Barça.
"Sobre a "pertenencia", o problema existe apenas de um lado. Messi tem o sentimento a tal ponto que é tratado como "o mais argentino de todos os argentinos que jogaram alguma vez na Catalunha". Ele só vê os canais argentinos de televisão, come carne argentina, não tem um mínimo de sotaque espanhol e sabe tudo o que se passa em seu país.
"Mas o que não há é um sentimento de pertenencia dos argentinos em relação a ele, sempre enciumados do sucesso de seus compatriotas na Europa, razão pela qual morreram "exilados" figuras como Borges, San Martin, Piazzola, Cortazar, Gardel e o Che. É como se todos tivessem abandonado a Argentina.
"Assim pensa a torcida, embora os seus companheiros de seleção o queiram muito. Ciumento mesmo era o Riquelme, acostumado a ser tratado como a estrela principal.
Mas Messi é um ótimo menino e logo se aproximou de gente como Verón e Mascherano, os líderes, além de ser amigo de Agüero desde a seleção juvenil.
"De fato, no entanto, ele enfrenta uma campanha midiática que não o vê comprometido com a seleção e isso faz com que a cada jogo ele tenha de provar, não só tecnicamente, mas o tal compromisso.
"Acredito que ele possa conduzir ao tri, que tem apenas dois inimigos: Maradona, que não tem nem sabido como proteger Messi, e Bilardo, cuja concepção tática prejudica o Pulga."

blogdojuca@uol.com.br


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