São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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VÔLEI

Fernanda, Virna e cia. passam dos 33 e perdem pontos

Envelhecimento de estrelas abre espaço para criação de supertimes

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Levar todas as jogadoras da seleção brasileira para um clube, montar uma equipe imbatível e conquistar a Superliga de vôlei.
O que pode soar como delírio para qualquer treinador é possível, agora, se tornar uma realidade na próxima temporada.
Criado em 1992 para "evitar a formação de supertimes e a predominância do valor econômico", o ranking da confederação brasileira pode se tornar ineficaz graças ao envelhecimento das maiores estrelas do país.
Jogadoras como Fernanda Venturini, Virna, Fofão, Leila, Arlene e Bia, todas da atual seleção, ultrapassam em 2004 a barreira dos 33 anos. Como bônus, viram sua pontuação ser reduzida para três ou menos pontos -o máximo é sete. Com isso, elas não pesam mais nas somas de suas equipes, que não podem passar 32 pontos.
"Com dinheiro para pagar os salários, qualquer clube pode colocar a seleção em quadra. Já fiquei brincando de montar supertimes. Eu não concordo com isso e, como técnico do Osasco, fiz uma observação à CBV", afirmou José Roberto Guimarães, do Osasco, finalista desta Superliga e que acumula também a função de comandante da equipe nacional.
O ranqueamento é feito com base nas notas dadas aos atletas pelas comissões técnicas dos clubes. A confederação recolhe os dados e trabalha como mediadora.
"Esse fenômeno [muitas jogadoras acima dos 33 anos] chamou nossa atenção também, mas acho que não podemos modificar uma bonificação que existe há anos por causa de uma exceção", afirmou Renato D'Ávila, gerente de competições nacionais da CBV.
Além do envelhecimento das atletas, o ranking feminino viu cair o número daquelas que ostentam pontuação máxima. Na última temporada, dez tinham sete pontos. Agora, só quatro figuram na lista -um time pode ter apenas duas atletas desse grupo.
A discrepância fica evidente quando a lista feminina é comparada com a masculina.
No topo do ranking estão dez jogadores, um a mais do que em 2003/2004, todos convocados pelo técnico Bernardinho. Entre os 18 inscritos por ele para a Liga Mundial, em junho, apenas o levantador Maurício passa em branco. Ele está com 36 anos.
A soma das pontuações dos titulares que levaram a Copa do Mundo-2003 bate nos 46 pontos. O time de Zé Roberto que terminou a competição tinha 33.
Após um ano em que as novatas roubaram a cena, os clubes formadores de jogadoras também terão uma vantagem ainda maior na próxima temporada.
Atletas que não estiveram mais de dois anos longe de sua equipe de origem passam a exibir novamente a pontuação zero em sua volta para casa. As que nunca trocaram de camisa também não pesam na soma de seus times.
Sensação desta Superliga, a atacante Mari, por exemplo, vale zero para o Osasco. Se for seduzida pela proposta de algum outro clube, levará consigo três pontos.


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