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Pequim 2008 - A graça do esporte
Sintonia e rapidez em um salto
O instante de superar o obstáculo exige harmonia entre cavaleiro e
cavalo, anos de treinamento, e faz
a graça desse esporte olímpico
FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez centímetros decidem a
sorte do cavaleiro -e por que
não, do cavalo. A medida é o
diâmetro médio do obstáculo
que tem de ser superado pelo
conjunto na prova de saltos.
Obstáculo frágil, que não pode
ser derrubado. Sem falha. Nem
do homem nem do animal.
Passar pela pista sem ver a
peça cair é a meta de qualquer
ginete. Há, ainda, uma segunda
variável: completar o trecho no
menor tempo possível.
A chave para o sucesso é a
sintonia -mais que harmonia- entre o cavaleiro e sua
montaria. São anos a fio de treinamentos para que um "descubra" o outro. Um cavalo "top",
de nível olímpico, tem idade
média de dez anos.
Será essa sintonia que irá formar um conjunto campeão. Capaz de não parar diante dos
obstáculos, mesmo os mais difíceis que surgirem à frente.
Tudo é calculado milimetricamente antes da competição.
O cavaleiro caminha, a pé, para
se inteirar do percurso. Dá passos entre as barreiras. Faz contas. Mentalmente, compara as
distâncias com a quantidade de
galopes que o cavalo terá de
realizar entre os obstáculos.
"A beleza do salto é a sincronia entre cavalo e cavaleiro. Isso é que faz o salto sair perfeito", diz Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, medalhista
de bronze por equipes em
Atlanta-1996 e Sydney-2000.
Um toque no animal -bem
treinado- serve como estímulo para ele reagir da maneira
necessária na disputa. Saltar,
galopar, acelerar o ritmo. É a
senha para a montaria desempenhar seu papel conforme seja preciso naquele instante. O
homem pensa. O cavalo executa. Às vezes, não.
"Num treino, a importância
de cada um, cavalo e cavaleiro, é
de 50%. Mas, na prova, o cavalo
passa a ter de 60% a 70%", fala
Nelson Pessoa, o patriarca do
clã que tem Rodrigo Pessoa como atual campeão olímpico.
"O cavaleiro tem de transmitir confiança o tempo inteiro ao
cavalo, mostrar que acredita
que o cavalo irá obedecer e contribuir na competição."
A caminhada antes da prova
serve também para o atleta
identificar pontos delicados do
percurso, que pode chegar a
650 metros, com até 17 saltos
em provas internacionais, como os Jogos Olímpicos.
Ganchos e varas são montados para indicar o grau de dificuldade. Um simples toque pode ser o suficiente para derrubar um obstáculo. Nas provas
de saltos, a pista é montada para testar a capacidade do cavaleiro de controlar o cavalo.
Existem designers especializados em montar o palco onde
o conjunto tentará brilhar. O
objetivo é avaliar o quanto o
animal foi bem trabalhado.
Até porque ele irá encontrar
"distrações" pela frente.
Além de obstáculos duplos e
triplos, a pista conta com componentes como muros e rios,
que "atraem" a atenção do animal e podem desconcentrá-lo.
"O que quer que aconteça, o
cavaleiro jamais pode deixar
seu cavalo estressado", diz Nelson Pessoa. "Tem de deixar o
animal o mais tranqüilo possível. O cavaleiro deve conhecer
os limites de seu cavalo."
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