São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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Copa 2006

Comprador de 50 milhões de cartões dos jogadores, país deve ter maior índice per capita do globo

Envelope com cinco unidades vale o equivalente a R$ 1,67 e leva executivos de banco a mercado comandado por crianças


Suíça comanda a febre mundial das figurinhas

ANTONIO LIGI
DA BLOOMBERG, EM ZURIQUE

O administrador de ações e bônus do banco Maerki Baumann & Co. de Zurique (SUI), Michael Odermatt, 28, diz estar aprendendo uma lição sobre a lei da oferta e da procura com a Copa do Mundo. Ele deu figurinhas de dois jogadores e de dois emblemas de seleções a um menino em idade pré-escolar e recebeu a única que estava faltando em seu álbum: o logotipo da Copa de 2006.
Odermatt estava entre os cerca de mil colecionadores de figurinhas da Copa - jovens e velhos- que participaram de uma sessão de troca realizada há um mês em uma loja de departamentos de Zurique.
"Esses meninos estão definindo os "preços". Eu não tive nenhuma chance", disse Odermatt, que administra 450 milhões de francos suíços (R$ 843 milhões) em ativos em um banco de administração de grandes fortunas. "Eu me senti como se estivesse nos velhos tempos do pregão de viva voz".
Embora Odermatt tenha conseguido pela primeira vez completar um álbum, ele foi superado no jogo da barganha por jovens colecionadores que participaram da sessão de trocas. "Nós não temos que nos preocupar com uma possível falta de sangue novo nas mesas de operação do mercado", previu.
Para se distrair e esquecer um pouco o mercado financeiro, os executivos de bancos de investimentos suíços estão comprando e trocando figurinhas num momento em que se preparam para assistir à terceira participação da Suíça em uma Copa do Mundo.
"No banco, nós fazemos trocas de um para um, mas esses meninos são mais agressivos", disse Roberto Archidiacono, que trabalha no setor de contabilidade do BBVA Suiza em Zurique e disse ter comprado 150 pacotes até o momento. "Eles tiram proveito da situação. E isso vale até mesmo para membros de sua própria família. Para conseguir o emblema da seleção da Espanha, eu tive de dar cinco figurinhas para o meu cunhado de 12 anos", comentou o executivo suíço.
O país alpino registra o maior percentual mundial per capita de vendas de figurinhas do campeonato, segundo a Panini, editora italiana que publica as figurinhas desde 1970.
A Panini detém direitos de exclusividade para utilizar o logotipo da Fifa. A empresa negociou separadamente com cada uma das 32 federações nacionais participantes da Copa para poder reproduzir as fotos dos jogadores e os emblemas das seleções em suas figurinhas.
A empresa italiana pretende vender 600 milhões de envelopes de figurinhas no mundo todo, dos quais a Suíça responderá por 50 milhões. Na Alemanha, anfitriã da Copa, cuja população é 11 vezes maior do que a suíça, serão vendidos entre 80 e 100 milhões de envelopes.
Na Suíça, as figurinhas são vendidas em envelopes de cinco a um preço equivalente a R$ 1,67 cada. No Brasil, os pacotinhos também vêm com cinco figurinhas e custam R$ 60 cada. Isto significa que os colecionadores brasileiros precisam gastar pelo menos R$ 71,52 para preencher os 596 espaços vazios do álbum - além dos R$ 3,90 necessários para comprar o próprio álbum. Geralmente os colecionadores gastam mais do que essa quantia devido às figurinhas repetidas.


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