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Copa 2006
Comprador de 50 milhões de cartões dos jogadores, país deve ter maior índice per capita do globo
Envelope com cinco unidades vale o equivalente a R$ 1,67 e leva executivos
de banco a mercado
comandado por crianças
Suíça comanda a febre mundial das figurinhas
ANTONIO LIGI
DA BLOOMBERG, EM ZURIQUE
O administrador de ações e
bônus do banco Maerki Baumann & Co. de Zurique (SUI),
Michael Odermatt, 28, diz estar
aprendendo uma lição sobre a
lei da oferta e da procura com a
Copa do Mundo. Ele deu figurinhas de dois jogadores e de dois
emblemas de seleções a um
menino em idade pré-escolar e
recebeu a única que estava faltando em seu álbum: o logotipo
da Copa de 2006.
Odermatt estava entre os
cerca de mil colecionadores de
figurinhas da Copa - jovens e
velhos- que participaram de
uma sessão de troca realizada
há um mês em uma loja de departamentos de Zurique.
"Esses meninos estão definindo os "preços". Eu não tive
nenhuma chance", disse Odermatt, que administra 450 milhões de francos suíços (R$ 843
milhões) em ativos em um banco de administração de grandes
fortunas. "Eu me senti como se
estivesse nos velhos tempos do
pregão de viva voz".
Embora Odermatt tenha
conseguido pela primeira vez
completar um álbum, ele foi superado no jogo da barganha por
jovens colecionadores que participaram da sessão de trocas.
"Nós não temos que nos preocupar com uma possível falta
de sangue novo nas mesas de
operação do mercado", previu.
Para se distrair e esquecer
um pouco o mercado financeiro, os executivos de bancos de
investimentos suíços estão
comprando e trocando figurinhas num momento em que se
preparam para assistir à terceira participação da Suíça em
uma Copa do Mundo.
"No banco, nós fazemos trocas de um para um, mas esses
meninos são mais agressivos",
disse Roberto Archidiacono,
que trabalha no setor de contabilidade do BBVA Suiza em Zurique e disse ter comprado 150
pacotes até o momento. "Eles
tiram proveito da situação. E isso vale até mesmo para membros de sua própria família. Para conseguir o emblema da seleção da Espanha, eu tive de dar
cinco figurinhas para o meu cunhado de 12 anos", comentou o
executivo suíço.
O país alpino registra o maior
percentual mundial per capita
de vendas de figurinhas do
campeonato, segundo a Panini,
editora italiana que publica as
figurinhas desde 1970.
A Panini detém direitos de
exclusividade para utilizar o logotipo da Fifa. A empresa negociou separadamente com cada
uma das 32 federações nacionais participantes da Copa para
poder reproduzir as fotos dos
jogadores e os emblemas das
seleções em suas figurinhas.
A empresa italiana pretende
vender 600 milhões de envelopes de figurinhas no mundo todo, dos quais a Suíça responderá por 50 milhões. Na Alemanha, anfitriã da Copa, cuja população é 11 vezes maior do que
a suíça, serão vendidos entre 80
e 100 milhões de envelopes.
Na Suíça, as figurinhas são
vendidas em envelopes de cinco a um preço equivalente a R$
1,67 cada. No Brasil, os pacotinhos também vêm com cinco
figurinhas e custam R$ 60 cada.
Isto significa que os colecionadores brasileiros precisam gastar pelo menos R$ 71,52 para
preencher os 596 espaços vazios do álbum - além dos R$
3,90 necessários para comprar
o próprio álbum. Geralmente
os colecionadores gastam mais
do que essa quantia devido às
figurinhas repetidas.
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