São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2010

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Rival de amistoso é joguete de ditador

Presidente do Zimbábue, Robert Mugabe controla o futebol do país, que receberá Brasil para jogo no dia 2

ENVIADOS A CURITIBA

Um dos "brinquedos" de Robert Mugabe, o ditador que governa o Zimbábue desde 1980, será um dos rivais da seleção brasileira nos amistosos preparatórios para a Copa do Mundo de 2010.
A CBF anunciou ontem que está perto de fechar contrato para jogar contra o Zimbábue, provavelmente no dia 2 de junho, e a Tanzânia, cinco dias depois. A confederação afirma que, por não conseguir estádios na África do Sul -todos já estão reservados para o Mundial-, deve realizar esses confrontos na casa dos times adversários.
Assim, a mais famosa seleção do mundo vai conhecer bem de perto o futebol do Zimbábue, que Mugabe e sua família controlam de forma praticamente absoluta.
A começar pela confederação, hoje presidida por um dos mais próximos aliados de Mugabe, mas que teve por anos no comando um dos sobrinhos preferidos do ditador, Leo Mugabe.
Leo só deixou o cargo porque foi acusado de desviar para sua conta particular cerca de US$ 61 mil (R$ 114 mil) doados pela Fifa para o desenvolvimento do futebol de base do Zimbábue.
Escândalo mais recente aconteceu envolvendo outro sobrinho de Mugabe. Philip Chiyangwa recebeu a exclusividade, o que teria acontecido pela influência do ditador, da venda de ingressos e pacotes completos para o Mundial da África do Sul.
Chiyangwa, que já teve seu nome incluído na lista de indivíduos do Zimbábue sujeitos a sanções por causa da caótica situação política do país, pode ganhar até US$ 100 mil pelo negócio.
Mugabe também palpita sobre a seleção de seu país e frequenta as partidas mais importantes do seu time.
Seus filhos também gostam do esporte. Um deles, Robert Jr., é figura fácil nos jogos do Real Madrid, seu clube de coração na Europa.
A ida aos estádios dos filhos do ditador zimbabuano, que são torcedores do Caps United, cada vez mais tem sido considerada um "pesadelo" pelos serviços de segurança do Zimbábue.
A Copa do Mundo no continente africano sempre foi uma esperança de Mugabe de tirar o Zimbábue do isolamento e atenuar a crise financeira do país. As autoridades esperam que pelo menos um terço dos estrangeiros que passem pela África do Sul fique algum tempo no território zimbabuano.
Para ajudar nessa missão, o governo local contou com doações da China para reformar o principal estádio de Harare, a capital do país. Os aliados de Mugabe dizem que convidaram Inglaterra e Brasil para fazer a pré-temporada ali antes do Mundial.
Para os jogadores da seleção, mais importante do que o nível dos rivais é colocar o time para jogar agora.
"Eu acho que esses dois amistosos servem para dar ritmo", disse o zagueiro Juan.
(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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