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Festa com a seleção deve dar fôlego extra a governo
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
A presença da seleção brasileira deverá dar ao presidente do Zimbábue, Robert
Mugabe, há 30 anos no poder, um muito necessário fôlego político extra.
Mugabe é o ditador zimbabuano desde abril de 1980,
controlando com mão de ferro esse país que já foi uma colônia modelo do Império Britânico e hoje apresenta instabilidade endêmica.
Há pelo menos dez anos, o
Zimbábue é uma dor de cabeça para a África. Mugabe, um
ex-ícone do movimento de libertação nacional africano,
já foi comparado ao sul-africano Nelson Mandela.
Mas, no poder, calou dissidentes e arrasou a economia,
de base agrária, ao expropriar fazendas produtivas de
brancos e redistribuir as terras para aliados políticos.
No início da década, o país
entrou em uma espiral de autodestruição que fez a inflação anual chegar à casa dos
bilhões por cento. Cédulas de
10 trilhões de dólares zimbabuanos passaram a circular.
Protestos surgiram, e manifestantes, em uma tentativa de tentar manter algum
humor, definiam-se como
"bilionários famintos".
Em 2008, Mugabe venceu
uma eleição presidencial sobre a qual pairam enormes
suspeitas de irregularidades
e intimidação. Com a pressão
internacional, ele aceitou dividir o poder com seu principal adversário político, Morgan Tsvangirai, que foi nomeado primeiro-ministro.
Em fevereiro último, a coalizão fez um ano. A economia
foi dolarizada, o que eliminou a hiperinflação, e algo
da ajuda internacional voltou. No entanto, aos 86 anos
e sem dar algum sinal de que
vai se aposentar, Mugabe
mantém o controle sobre o
aparato de segurança do país
e sabota o trabalho de seu
próprio primeiro-ministro.
Hoje, há 3 milhões de zimbabuanos vivendo no exterior, ou 30% da população.
Os brancos, que formavam
uma minoria influente na
economia, fugiram quase todos para o exterior.
Entre os países do Terceiro
Mundo, o velho ditador mantém uma aura parecida com a
do cubano Fidel Castro, de
um líder "anti-imperialista".
Nos últimos meses, aumentou a pressão internacional sobre o presidente do
Zimbábue pela realização de
eleições livres. Entretanto, a
presença da seleção de Dunga no país será recebida com
euforia e deve dar um respiro
ao velho presidente.
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