São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Felipão: oito ou oitenta

O Brasil enfrentará a Turquia amanhã, a adversária que sonhara nas semifinais. O favoritismo dos brasileiros não anula as qualidades dos turcos. É uma equipe organizada, disciplinada, com um interessante esquema tático e alguns bons jogadores. Porém Ronaldo e Rivaldo atuam no Brasil.
Na partida da primeira fase, a Turquia teve chances de ganhar, mas não teve coragem de procurar a vitória. Limitou-se a tocar a bola no meio-campo. Não arriscou. E foi prejudicada pelo árbitro.
A Turquia joga com uma linha de três defensores, dois alas, dois armadores, dois meias ofensivos e um centroavante. Os dois meias ofensivos, Basturk e Sas, jogam perto do centroavante Sukur. Esse, o mais famoso do time, decepcionou até agora. O melhor da equipe é o armador baixinho Emre. Ele tem um bom passe e inicia as jogadas ofensivas.
No jogo contra a Turquia, o ataque do Brasil teve mais facilidades do que contra Bélgica e Inglaterra. A Turquia tinha sete jogadores defendendo em seu campo. Bélgica e Inglaterra tinham oito. O Brasil, como a Turquia, melhorou depois da primeira partida.
Durante o Mundial, Felipão corrigiu alguns defeitos. O mais grave era o vazio no meio-campo, com apenas Gilberto Silva e Juninho. Antes da estréia, temi pela sorte do Brasil. Foi uma loucura atuar com apenas dois jogadores no meio-campo, sendo um improvisado. A sorte foi que a seleção enfrentou fracas equipes na primeira fase. Mesmo assim, correu grandes riscos contra a Turquia e a Costa Rica.
Contra a Bélgica, o problema diminuiu com a escalação do Edmílson na frente dos zagueiros. O sistema defensivo só se arrumou contra a Inglaterra, após a entrada do Kleberson no lugar do Juninho.
Agora, o Brasil já tem meio-campo. Com pouco talento, mas tem. É preciso melhorar o toque de bola e a criatividade. O setor ficaria melhor com a presença de Ricardinho.
Ronaldinho fará falta. Juninho deve entrar. O time terá mais um armador ofensivo e um atacante a menos. Juninho vai jogar pela meia-direita. Ronaldinho ficava mais no ataque. Denílson ou Edílson são opções para o segundo tempo. O Brasil, que só tinha dois no meio na primeira fase, terá agora quatro: três volantes (Edmílson, Gilberto Silva e Kleberson) e um meia ofensivo (Juninho). Com Felipão é oito ou oitenta. Continua faltando o meia armador.
Ronaldo deverá jogar, mas suas dores musculares são preocupantes. Pelé, como sempre, manifestou-se na hora errada, ao dizer que as dores são psicológicas. Todos sabiam que Ronaldo corria grandes riscos de não suportar vários jogos seguidos, após tanto tempo parado. Essa é a grande dúvida. Se ele tiver problemas, diminuem bastante as chances do Brasil.

tostão.folha@uol.com.br



Texto Anterior: O que falta agora sobrava em 1954
Próximo Texto: Semifinais/ Hoje: Muralhas alemã e coreana decidem o primeiro finalista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.