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Argentina torna o título uma obsessão
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Os 14 anos sem títulos, o
favoritismo atribuído por
imprensa e adversários e a
vontade de revanche após o
título perdido no minuto final em 2004 tornaram a conquista da Copa América uma
obsessão na Argentina.
Desde 1993, quando ganhou sua 14ª Copa América,
a seleção argentina não vence o torneio -e nenhum outro. O jejum de 14 anos é o segundo maior do futebol do
país, só superado pelos 19
anos que separaram a conquista da Copa América de
1959 e do Mundial de 1978.
Nesses 14 anos, a Argentina viu desfilar pela seleção
gerações de sucesso nas categorias de base -ganharam
quatro Mundiais sub-20 e a
Olimpíada de 2004-, mas
que não repetiram o sucesso
na seleção principal.
Dois desses jogadores voltam agora como "salvadores". Juan Sebastian Veron,
32, conduziu o Estudiantes
de la Plata ao triunfo no
Campeonato Apertura (primeiro turno do Argentino,
mas que tem status de título
nacional) do ano passado,
quebrando jejum de 23 anos.
O sucesso de Juan Roman
Riquelme, 29, é mais recente: foi o maestro da conquista
da Libertadores pelo Boca
Juniors na semana passada.
Veron saiu da seleção com
problemas de relacionamento com os colegas. Riquelme
pediu para não ser mais convocado após o fiasco na Copa.
Os dois voltam pelas mãos
de Alfio Basile, que era o técnico na última conquista argentina. Basile dirige uma
seleção envelhecida (média
de 27,3 anos, contra 25,6 do
Brasil, por exemplo), com 16
remanescentes do Mundial-06, quando o país foi batido
pela Alemanha nas quartas.
O hoje técnico Oscar Ruggeri, capitão do time na última conquista da Copa América, resume: "Ou eles ganham ou vão querer matá-los". Na TV e na imprensa, o
torneio é tratado como se
fosse Copa do Mundo, e não
da América: um anúncio da
competição usa a narração
do gol de Diego Maradona
contra a Inglaterra na Copa
de 1986 (em que foi driblando desde o meio-campo), que
acaba de completar 21 anos.
O favoritismo argentino é
respaldado pelo fato de a seleção chegar completa, e o
Brasil, desfalcado. Cenário
não tão diferente do de 2004,
quando o país perdeu a final..
"É uma espinha que tenho
cravada no peito", disse Tevez ao diário "La Nación", sobre a derrota para o Brasil.
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