São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2010

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JUCA KFOURI

Vexame à italiana


Não bastou a vergonha da França. A Itália, com muito mais camisa, pisou na bola feio


IMAGINE UMA seleção de futebol que já tenha sido campeã mundial mais de uma vez. Imagine que seu técnico é um cidadão vencedor e respeitado em seu país e fora dele. Imagine essa seleção eliminada na primeira fase de uma Copa do Mundo. E seu técnico dando para o diabo a hora em que aceitou voltar a dirigir o time em uma Copa, ele que a ganhara anteriormente.
Se você acha que estou me referindo à Itália, sim, é claro, você acertou. Mas não só à Itália.
Estou também me referindo à seleção brasileira, eliminada na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, ainda na primeira fase, depois de ganhar só da Bulgária e de perder para Hungria e Portugal.
Seu técnico era Vicente Feola, o primeiro técnico brasileiro campeão mundial, em 1958, na Suécia.
Dá para imaginar o quanto doeu na alma de um adolescente de 16 anos aquela derrota?
Pois multiplique por dez o que estão sofrendo os jovens italianos, porque, se a Copa tinha muita importância em 1966, depois de 1970 passou a ter mais e virou um negócio extraordinário neste século 21, já em sua terceira Copa.
Como Marcello Lippi agora, Feola, então, deixou de fora craques que não poderia ter deixado no Brasil. E o resultado foi catastrófico, em uma tentativa maluca de levar o maior número de jogadores que pudessem ser tricampeões, além da nefasta troca de Paulo Machado de Carvalho, chamado de o "Marechal da Vitória", por seu trabalho nas conquistas na Suécia (1958) e no Chile (1962), por João Havelange.
A derrota italiana tem aspectos dramáticos neste momento em que o Campeonato Italiano deixou de ser o mais badalado do mundo e da Europa, ficando para trás do Inglês e do Espanhol, além de ter de conviver com o bufão chamado Silvio Berlusconi, mandachuva não só do país, mas do Milan.
Numa chave em que apenas o Paraguai merecia respeito, eis que a Itália conseguiu ser eliminada sem vencer nenhum jogo e em último lugar, atrás até da, quem diria, invicta Nova Zelândia.
E não me diga que, por pior que fosse o momento italiano, você imaginava que isso poderia acontecer. Se a resposta for positiva, que sim, que você imaginava, só resta lhe dizer que vá ter imaginação assim lá em Bratislava, capital da Eslováquia, onde ninguém nem imaginava nem acreditava.

blogdojuca@uol.com.br


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