Veterano Hugo Hoyama, 38, crava recorde de ouros, individual e do Brasil, em Pans

Eduardo Knapp/Folha Imagem

No Pan em que o Brasil apresentou vários jovens candidatos a ídolos do esporte nacional, coube a um veterano, Hugo Hoyama, 38, liderar o time que marcou o recorde de 30 medalhas de ouro para o país em uma edição dos Jogos.
Menos de uma hora depois de outra veterana, Janeth, 38, no basquete, encerrar sua carreira com a medalha de prata, o mesa-tenista deu à equipe nacional a vitória sobre a Argentina. Foi seu nono título em Jogos Pan-Americanos, outro recorde do esporte brasileiro.
"Tinha certeza de que a delegação brasileira faria um excelente papel em casa e que quebraria o recorde de Santo Domingo. Fico contente que tenha acontecido com o tênis de mesa. Foi realmente um marco histórico desta equipe esse 30º ouro", declarou Hoyama, cuja primeira medalha dourada em Pans foi obtida em Indianápolis, 20 anos atrás.
Apesar da experiência, ele narrou que ontem, no match point, tremeu. "Foi bom o argentino ter errado o saque. Eu estava com a mão tremendo, mas buscando concentração para não errar a devolução. Foi um momento muito difícil."
Nas duas décadas de Pans de que participou, o atleta testemunhou um avanço em sua modalidade. Seus companheiros Gustavo Tsuboi, 22, e Thiago Monteiro, 26, moram na França, em uma casa alugada pela confederação nacional, para jogarem torneios na Europa.
Mesmo assim, nenhum assumiu a condição de herdeiro do ídolo, que já anunciou o fim da carreira após os Jogos Olímpicos de Pequim, no ano que vem.
"Não me vejo como sucessor de ninguém. Temos estilos diferentes. O que quero é trilhar meu caminho", falou Monteiro.
Tsuboi apontou Hoyama como o melhor mesa-tenista da história do Brasil e lembrou que, quando o colega obteve o primeiro ouro em Pans, ele tinha só dois anos de idade.
Os jogos contra os argentinos foram assistidos pelo ex-nadador Gustavo Borges. Até ontem, ele estava empatado com Hoyama como o recordista em ouros brasileiros em Pans. Prometeu torcer para o mesa-tenista superá-lo. E cumpriu.
"Fui pé-quente. É o primeiro jogo de tênis de mesa a que assisto e dei sorte para o Hugo, que está de parabéns pelo feito", disse o ex-recordista, que foi uma das primeiras pessoas a quem o mesa-tenista abraçou após confirmar o título.
Hoyama agradeceu ao apoio e prometeu adotar a atitude nos próximos Jogos, em Guadalajara-2011. "Vou torcer para o Thiago Pereira [nadador que ganhou seis ouros no Rio] superar minha marca. A presença do Gustavo na torcida foi importante, e farei o mesmo", afirmou o campeão, que ontem consultava o ex-guru do tricampeão de F-1 Ayrton Senna, Nuno Cobra, antes de jogar.
"Ele me orientava a manter a concentração e não a pensar na vitória. Ajudou", disse Hoyama, que adiou o casamento para ficar focado só nos treinos.
No ano passado, ele chegou a marcar a data. "Mas eu quero casar, ter lua-de-mel como todo mundo. Não assinar o papel e ir treinar. Já moro junto com minha noiva há dois anos. Ela sabe que eu a amo e que não estou enrolando", brincou.


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