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Dos favoritos, só Dunga é "elite"
Brasil, que nunca ganhou o ouro olímpico, é única seleção em Pequim com técnico do time principal
Treinador forçou indicação
para o cargo e vai aos Jogos
quando está mais fraco, por
causa dos maus resultados
obtidos nos últimos meses
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA
Sergio Batista, Jean-François de Sant, Pierluigi Casiraghi, Foppe de Haan, Gerard Gili. Todos esses são técnicos de
fortes seleções que vão disputar o futebol masculino na
Olimpíada de Pequim.
Além do profundo ou, no máximo, relativo anonimato na
profissão, eles têm em comum
o fato de terem sido escolhidos
apenas para comandarem as
equipes olímpicas de seus países, enquanto os treinadores do
time principal descansam, sem
o risco de desgaste por um resultado ruim na China.
Tudo bem diferente do que
acontece com o Brasil. Entre os
favoritos ao ouro, o único que
tem na equipe olímpica o mesmo treinador do time principal
é a seleção brasileira.
Dunga forçou sua indicação
para o cargo e vai aos Jogos justamente quando está mais fraco, pela seqüência de resultados ruins. "Está sendo mais difícil do que esperava. Mas, se
fosse fácil, todo mundo iria
querer. Como é difícil, poucos
querem", disse ontem, em Cingapura, o treinador ao ser questionado se esperava tantos problemas na preparação.
Na China, Dunga terá status
de estrela da prancheta graças
ao currículo dos adversários. O
argentino Sergio Batista era até
o ano passado auxiliar do San
Lorenzo. O italiano Casiraghi
tinha uma passagem por um
clube da quarta divisão antes de
assumir o time sub-21 de seu
país. O belga Sart trabalha nas
divisões de base há 13 anos. O
holandês Foppe até teve sucesso no Heerenveen, que comandou por quase 20 anos, mas
também optou por um trabalho
na base da sua nação.
Até as seleções africanas que
estarão em Pequim -Camarões, Nigéria e Costa do Marfim
(caso de Gili)- optaram por
deixar seus treinadores principais fora da Olimpíada asiática.
A anfitriã China demitiu o
seu treinador três semanas antes dos Jogos e indicou um nome local para a missão de comandar o time olímpico.
Com tais rivais, Dunga reconhece que qualquer outro resultado que não seja o ouro em
Pequim será um desastre para
o seu time, que estréia nos Jogos contra a Bélgica, no próximo dia 7, em Shenyang.
"Em qualquer competição
que o futebol entrar, nada serve
se não for o primeiro lugar. Nós
fomos vices na Copa de 1998 e
foi um desastre. Futebol no
Brasil tem que ser o primeiro,
não tem outra opção."
Dunga deu outras declarações mostrando desprezo por
um resultado que não seja o título. "Não adianta participar de
cinco Olimpíadas e não ganhar
uma medalha", afirmou.
O Brasil tem alguns atletas
que disputaram os Jogos cinco
vezes, mas nunca foram ao pódio. São exemplos Oscar, no
basquete, e Hugo Hoyama, no
tênis de mesa.
O treinador ainda exaltou a
vitória de outra forma. "Como é
que vou dizer para meus bisnetos que eu fui bom mas não ganhei nada?", disse ele, que ontem ensaiou formação ofensiva
titular, com Ronaldinho e Diego como meias e Alexandre Pato e Rafael Sobis à frente.
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