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Vôlei pretende esvaziar a bola
Para facilitar recepção e aumentar ralis nos jogos, novo presidente da FIVB quer reduzir a pressão
Chinês, Wei Jizhong assiste às finais da Liga Mundial, no Rio, e apóia a candidatura brasileira à organização dos Jogos Olímpicos de 2016
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Eleito presidente da FIVB
(Federação Internacional de
Vôlei) no mês passado, o chinês
Wei Jizhong, 71, quer esvaziar a
bola do esporte. Em entrevista
à Folha ontem no seu gabinete
no Maracanãzinho, Wei disse
que quer diminuir a pressão da
bola e reduzir o tempo do jogo
na sua gestão. Ele também criticou pela primeira vez os japoneses, que enviaram à fase decisiva da Liga Mundial uma delegação com só nove atletas
(sendo sete reservas), e apoiou
a candidatura do Rio a sede dos
Jogos Olímpicos de 2016.
Depois de 24 anos do mexicano Rubén Acosta no poder,
Wei assume o cargo no dia 24
de agosto numa cerimônia em
Pequim, sede dos Jogos Olímpicos a partir do dia 8.
FOLHA- O senhor defende novas
mudanças nas regras?
WEI JIZHONG - A principio, não
vou mudar as regras do jogo. O
que estou estudando é diminuir a pressão da bola. Será importante fazer isso para ter
mais ralis durante os jogos. A
bola com pressão menor facilita a recepção, a defesa e ganha
mais tempo no ar. Além disso,
quero reduzir o tempo das partidas. Isso é o mais importante.
O último jogo de hoje [ontem]
teve mais de duas horas. Uma
partida tem um tempo médio
de 20% de bola em jogo. O resto
é tempo usado para se pegar a
bola, limpar a quadra, fazer
substituições, chamar um tempo. Temos que diminuir isto.
FOLHA - Qual o tempo ideal para
uma partida de vôlei?
WEI - Eu acho que uma partida
deve durar de uma hora e meia
até duas horas. Nós temos que
pensar na televisão também.
FOLHA - Como fazer isso?
WEI - É simples: temos que fazer as substituições serem mais
rápidas. Temos que limitar o
tempo de bola parada desde
que ela cai na quadra até a hora
que é sacada novamente. Fazer
com que esse intervalo seja cada vez mais rápido.
FOLHA - O senhor disse que quer
reduzir a pressão da bola. Em Pequim, a Olimpíada será disputada
com uma nova bola que desagradou
a vários jogadores. Eles dizem que
ela é mais leve...
WEI - Essa bola não tem grandes diferenças da atual. Apenas
o design mudou. Até Pequim,
eles terão tempo para se acostumar com a bola.
FOLHA - O Japão chegou ao Rio
com nove atletas e trouxe só dois
que estarão na Olimpíada. Isto não
tira a importância da Liga Mundial?
WEI - Estamos muito desapontados com o Japão. Fizemos o
convite a eles para dar mais
chance de se prepararem para a
Liga e para os Jogos Olímpicos.
Eles não entenderam o nosso
convite. Não precisamos do Japão, mas sim dos melhores jogadores deles. Vamos ainda decidir a punição que será aplicada, mas já está certo que será
uma multa em dinheiro.
FOLHA - Qual a sua opinião sobre o
evento no Rio?
WEI - Estou gostando muito.
Os torcedores estão me surpreendendo. Em nenhum outro lugar vi um ginásio cheio às
10h, como acontece aqui.
FOLHA - O que o senhor acha da
candidatura do Rio a sede dos Jogos
Olímpicos de 2016?
WEI - Acho que os Jogos Olímpicos têm que ir para a América
do Sul e para a África, continentes para onde ainda não foram.
Isso será importante para a
Olimpíada ter um caráter universal de fato. Para isso, o governo brasileiro tem que investir alto. O sucesso do evento está ligado a isso. Além disso, conheço o Carlos Nuzman [presidente do COB, que lidera a
campanha brasileira].
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