São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

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Vôlei pretende esvaziar a bola

Para facilitar recepção e aumentar ralis nos jogos, novo presidente da FIVB quer reduzir a pressão

Chinês, Wei Jizhong assiste às finais da Liga Mundial, no Rio, e apóia a candidatura brasileira à organização dos Jogos Olímpicos de 2016


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Eleito presidente da FIVB (Federação Internacional de Vôlei) no mês passado, o chinês Wei Jizhong, 71, quer esvaziar a bola do esporte. Em entrevista à Folha ontem no seu gabinete no Maracanãzinho, Wei disse que quer diminuir a pressão da bola e reduzir o tempo do jogo na sua gestão. Ele também criticou pela primeira vez os japoneses, que enviaram à fase decisiva da Liga Mundial uma delegação com só nove atletas (sendo sete reservas), e apoiou a candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Depois de 24 anos do mexicano Rubén Acosta no poder, Wei assume o cargo no dia 24 de agosto numa cerimônia em Pequim, sede dos Jogos Olímpicos a partir do dia 8.

 

FOLHA- O senhor defende novas mudanças nas regras?
WEI JIZHONG
- A principio, não vou mudar as regras do jogo. O que estou estudando é diminuir a pressão da bola. Será importante fazer isso para ter mais ralis durante os jogos. A bola com pressão menor facilita a recepção, a defesa e ganha mais tempo no ar. Além disso, quero reduzir o tempo das partidas. Isso é o mais importante. O último jogo de hoje [ontem] teve mais de duas horas. Uma partida tem um tempo médio de 20% de bola em jogo. O resto é tempo usado para se pegar a bola, limpar a quadra, fazer substituições, chamar um tempo. Temos que diminuir isto.

FOLHA - Qual o tempo ideal para uma partida de vôlei?
WEI
- Eu acho que uma partida deve durar de uma hora e meia até duas horas. Nós temos que pensar na televisão também.

FOLHA - Como fazer isso?
WEI
- É simples: temos que fazer as substituições serem mais rápidas. Temos que limitar o tempo de bola parada desde que ela cai na quadra até a hora que é sacada novamente. Fazer com que esse intervalo seja cada vez mais rápido.

FOLHA - O senhor disse que quer
reduzir a pressão da bola. Em Pequim, a Olimpíada será disputada com uma nova bola que desagradou a vários jogadores. Eles dizem que ela é mais leve...
WEI
- Essa bola não tem grandes diferenças da atual. Apenas o design mudou. Até Pequim, eles terão tempo para se acostumar com a bola.

FOLHA - O Japão chegou ao Rio com nove atletas e trouxe só dois que estarão na Olimpíada. Isto não tira a importância da Liga Mundial?
WEI
- Estamos muito desapontados com o Japão. Fizemos o convite a eles para dar mais chance de se prepararem para a Liga e para os Jogos Olímpicos. Eles não entenderam o nosso convite. Não precisamos do Japão, mas sim dos melhores jogadores deles. Vamos ainda decidir a punição que será aplicada, mas já está certo que será uma multa em dinheiro.

FOLHA - Qual a sua opinião sobre o evento no Rio?
WEI
- Estou gostando muito. Os torcedores estão me surpreendendo. Em nenhum outro lugar vi um ginásio cheio às 10h, como acontece aqui.

FOLHA - O que o senhor acha da candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos de 2016?
WEI
- Acho que os Jogos Olímpicos têm que ir para a América do Sul e para a África, continentes para onde ainda não foram. Isso será importante para a Olimpíada ter um caráter universal de fato. Para isso, o governo brasileiro tem que investir alto. O sucesso do evento está ligado a isso. Além disso, conheço o Carlos Nuzman [presidente do COB, que lidera a campanha brasileira].


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