São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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JUCA KFOURI

Seriedade zero


Até quando o país aceitará passivamente figuras tão deletérias como alguns cartolas?

MUDAR REGRAS com a temporada do futebol em andamento só pode ser aceito se em benefício de todos ou, no mínimo, com aprovação unânime, até do não beneficiado ou eventualmente prejudicado.
Pois não foi isso que fez o presidente eterno da CBF, 21 anos no poder e mais cinco garantidos pela frente, ao dar condição de jogo a atletas que só poderiam atuar a partir de agosto, em óbvio benefício ao Inter e em prejuízo do São Paulo, protagonistas do embate neste meio de semana pelas semifinais da Taça Libertadores.
Não satisfeito em vetar o Morumbi, Ricardo Teixeira deu mais uma canetada imoral para prejudicar o São Paulo, porque tem uma incontrolável vocação para o deslize, haja vista, também, a história dos adiantamentos ao Coritiba e ao Goiás comprovados na página ao lado pela Folha.
Obrigado a engolir goela abaixo, pelo Estatuto do Torcedor, o Brasileiro em pontos corridos que pouco permite viradas de mesa, Teixeira tratou de fazer essa molecagem na Taça Libertadores.
E não me venha com conversa de bairrismo porque o que aqui se defende não é um time paulista, mas, só, o cumprimento do que estava estabelecido. (Até porque o colunista é corintiano e entre rival paulista tão próximo e um gaúcho mais distante tende a preferir o distante...)
Menos mal que a sociedade brasileira começa a se mobilizar e a denunciar reinados como o de Ricardo 1º, e Único.
Personalidades tão diferentes como o ex-presidente da OAB-SP Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e o ex-presidente da Bovespa Eduardo da Rocha Azevedo publicaram artigos nos últimos dias inconformados com a vitaliciedade do cartolão. Mariz fala até em eleição direta para o cargo de presidente da CBF, em consonância com o espírito do novo Código Civil, e Azevedo propõe a campanha TT, Tira Teixeira.
Já não era sem tempo e tomara que a imprensa faça eco a tais apelos. Porque o presidente da República já se manifestou contra mais de uma reeleição na CBF, embora tenha calado sobre o tema nos quase oito anos da sua gestão e alimentado o cartolão. Como, no governo FHC, o ministro Carlos Melles selou o famigerado "Pacto da Bola", que o salvou quando em desgraça profunda devido às CPIs.
Pois não é possível que exatamente esse homem dê as cartas na Copa-14 e diga, imperialmente, que o único problema são os aeroportos, acusação, aliás, direta a Dilma Rousseff, a "mãe do PAC", motivo, quem sabe, da reação crítica, enfim, de Lula.

blogdojuca@uol.com.br


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