São Paulo, domingo, 25 de agosto de 2002

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BASQUETE

Armador supera a sombra de Hélio Rubens, seu treinador, e será titular do Brasil no Mundial de Indianápolis

Helinho ratifica tradição do pai na seleção

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Helinho ainda se lembra do tempo em que era o filho de Hélio Rubens. Dava seus primeiros passos no basquete, mas sofria com as comparações com o pai, maior armador da história do Franca e técnico mais vitorioso do clube.
"Era muito difícil ser filho de quem sou. Hoje é mais fácil", diz o armador que será titular da seleção no Mundial de Indianápolis.
"Antigamente ele era o filho do Hélio Rubens. Agora, estou virando o pai do Helinho", devolve o treinador do Brasil, ao seu lado.
Fato raro no basquete brasileiro, Helinho conseguiu se firmar na modalidade, mesmo jogando contra um sobrenome famoso.
Outros casos genéticos no país não foram tão bem-sucedidos.
Bruno até chegou à seleção juvenil, mas não se livrou da sombra de ser filho do técnico Cláudio Mortari. Edvar Júnior foi além, jogando na seleção adulta no Sul-Americano de 1993. Nunca, porém, superou a lembrança de seu pai -Edvar Simões- na quadra.
Futebol, natação e tênis foram algumas modalidades tentadas pelo garoto Helinho antes de se decidir pelo inevitável. "Até os 15 ou 16 anos pratiquei outros esportes. Mas, na família, todo mundo jogava basquete", justifica o armador que, aos 27 anos, irá disputar seu segundo Mundial.
"Na idade dele, eu não jogava o que ele joga. Fui para a seleção só com 26 anos", diz Hélio Rubens.
"Certamente ele é melhor que eu ofensivamente. Mas, na defesa, eu era superior", pondera.
A precisão nos arremessos foi conquistada graças a muitos treinos na pequena tabela instalada no quintal da casa de Helinho, em Franca. "Ela está meio abandonada, mas não saiu de lá", conta ele.
A boa pontaria já fez o Brasil colher frutos. Helinho fez a cesta que empatou a semifinal contra os EUA, nos Jogos da Amizade-2001, obrigando, pela primeira vez na história, um time dos EUA com atletas da NBA a disputar uma prorrogação. O Brasil perderia por 106 a 98, mas Helinho foi eleito para a seleção do campeonato.
Desde que chegou ao adulto, o atleta deixou só duas vezes a parceria com o pai. Em 99, saiu do Franca e foi para o Vasco. Na equipe do Rio, teve o desgosto de perder para o time do pai o título do Pan-Americano de clubes, em Santo Domingo. Depois, Hélio Rubens seguia para o Rio, onde ganharia dois troféus nacionais.
Após o Mundial, os dois voltam a se separar. Dessa vez, Helinho foi para o Franca. Hélio Rubens segue no Vasco. "Em Franca, as pessoas me param e perguntam quando é que meu pai vai retornar. Espero que o clube possa trazê-lo de volta", conta Helinho.
O pai também espera pelo filho. "Ele vai jogar o Paulista em Franca, mas voltará ao Rio para o Nacional", afirma. "Ou, quem sabe, o Franca não me traz de volta?"



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