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VÔLEI DE PRAIA
Parceira de Adriana Behar diz que baixa estatura da dupla definiu a derrota
Shelda, 1,65 m, lamenta tamanho e reverencia gigantes americanas
DOS ENVIADOS A ATENAS
Para as medalhistas de prata
Adriana Behar e Shelda, a diferença no porte físico foi o principal
fator responsável pela derrota na
decisão de ontem em Atenas.
Logo após a partida no Centro
Olímpico, que recebeu 9.500 pessoas, Shelda, mais baixa jogadora
a atuar na areia grega, disse que a
força atlética e a altura das norte-americanas Misty May e, principalmente, Kerri Walsh foram demais para ela e Behar.
"Elas são muito altas. O físico
delas, hoje, é uma coisa nítida.
Não dá para brigar com uma pessoa em quem eu bato aqui nela",
declarou Shelda, 1,65 m, apontando para o ombro. "A gente tem
que fazer muito mais força para
botar a bola no chão."
Adriana Behar mede 1,80 m.
May tem 1,80 m; Walsh, 1,90 m.
E foi Walsh quem fez a diferença. Ela atuou o jogo todo junto à
rede, deixando a parceira na cobertura, e definiu com seus bloqueios o primeiro set, quando as
brasileiras ainda tentavam equilibrar depois de um início ruim
-determinadas, as americanas
chegaram a fazer 4 a 0 no placar.
Enquanto Walsh sobrava, e na
cobertura May se destacava, as
brasileiras não conseguiam render como na semifinal. Tanto que
não fizeram nenhum ponto de saque -Shelda liderava no fundamento- ou de bloqueio.
"Ela [Walsh] ganhou toda bola
disputada na rede comigo. Tem
uns 15 cm a mais do que eu. Ela
acabou com a gente", disse Behar.
"Não temos o alcance dela, não
vamos ter nunca. Pela nossa estatura, para ganhar tudo tem de ser
perfeito. E hoje [ontem] não foi."
No segundo set, a dupla brasileira pareceu sentir a superioridade rival. Atacava, mas a bola não
caía. Nos contra-ataques, Walsh e
May faziam isso acontecer.
Ao fim da partida, enquanto Behar, sentada na área de descanso,
mostrava desolação, Shelda agradeceu ao público e ajoelhou-se na
areia. Depois, se abraçaram longamente, "marca registrada" ao
longo dos quase nove anos da
parceria, iniciada em 1995.
"Estou feliz. É óbvio que com
um pingo de tristeza, porque queria estar no lugar mais alto do pódio. Mas fizemos o máximo. Elas
são superiores, fizeram uma
Olimpíada impecável, ganharam
todos os jogos de 2 a 0. Tem mais
de um ano que ninguém ganha
delas. Paciência", declarou uma
conformada Shelda, que pegou
uma bandeira brasileira e deu a
"volta olímpica" na arena.
Também recebeu, de uma pessoa da arquibancada, um celular,
pelo qual falou com a irmã
Shaylyn, também jogadora de vôlei de praia. "Ela me disse: "Não fica triste não, baixinha". Não fiquei. Em Sydney, sim, éramos as
favoritas, ela sabe que eu sofri lá.
Aqui não. Fizemos o máximo."
O bronze ficou com outra dupla
dos EUA, McPeak/Youngs. Foi a
primeira vez que duplas femininas do país subiram ao pódio
olímpico. Porém, no geral, o Brasil segue em vantagem: tem um
ouro, três pratas e um bronze.
(LUÍS CURRO E ROBERTO DIAS)
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