São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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VÔLEI DE PRAIA

Parceira de Adriana Behar diz que baixa estatura da dupla definiu a derrota

Shelda, 1,65 m, lamenta tamanho e reverencia gigantes americanas

DOS ENVIADOS A ATENAS

Para as medalhistas de prata Adriana Behar e Shelda, a diferença no porte físico foi o principal fator responsável pela derrota na decisão de ontem em Atenas.
Logo após a partida no Centro Olímpico, que recebeu 9.500 pessoas, Shelda, mais baixa jogadora a atuar na areia grega, disse que a força atlética e a altura das norte-americanas Misty May e, principalmente, Kerri Walsh foram demais para ela e Behar.
"Elas são muito altas. O físico delas, hoje, é uma coisa nítida. Não dá para brigar com uma pessoa em quem eu bato aqui nela", declarou Shelda, 1,65 m, apontando para o ombro. "A gente tem que fazer muito mais força para botar a bola no chão."
Adriana Behar mede 1,80 m. May tem 1,80 m; Walsh, 1,90 m.
E foi Walsh quem fez a diferença. Ela atuou o jogo todo junto à rede, deixando a parceira na cobertura, e definiu com seus bloqueios o primeiro set, quando as brasileiras ainda tentavam equilibrar depois de um início ruim -determinadas, as americanas chegaram a fazer 4 a 0 no placar.
Enquanto Walsh sobrava, e na cobertura May se destacava, as brasileiras não conseguiam render como na semifinal. Tanto que não fizeram nenhum ponto de saque -Shelda liderava no fundamento- ou de bloqueio.
"Ela [Walsh] ganhou toda bola disputada na rede comigo. Tem uns 15 cm a mais do que eu. Ela acabou com a gente", disse Behar. "Não temos o alcance dela, não vamos ter nunca. Pela nossa estatura, para ganhar tudo tem de ser perfeito. E hoje [ontem] não foi."
No segundo set, a dupla brasileira pareceu sentir a superioridade rival. Atacava, mas a bola não caía. Nos contra-ataques, Walsh e May faziam isso acontecer.
Ao fim da partida, enquanto Behar, sentada na área de descanso, mostrava desolação, Shelda agradeceu ao público e ajoelhou-se na areia. Depois, se abraçaram longamente, "marca registrada" ao longo dos quase nove anos da parceria, iniciada em 1995.
"Estou feliz. É óbvio que com um pingo de tristeza, porque queria estar no lugar mais alto do pódio. Mas fizemos o máximo. Elas são superiores, fizeram uma Olimpíada impecável, ganharam todos os jogos de 2 a 0. Tem mais de um ano que ninguém ganha delas. Paciência", declarou uma conformada Shelda, que pegou uma bandeira brasileira e deu a "volta olímpica" na arena.
Também recebeu, de uma pessoa da arquibancada, um celular, pelo qual falou com a irmã Shaylyn, também jogadora de vôlei de praia. "Ela me disse: "Não fica triste não, baixinha". Não fiquei. Em Sydney, sim, éramos as favoritas, ela sabe que eu sofri lá. Aqui não. Fizemos o máximo."
O bronze ficou com outra dupla dos EUA, McPeak/Youngs. Foi a primeira vez que duplas femininas do país subiram ao pódio olímpico. Porém, no geral, o Brasil segue em vantagem: tem um ouro, três pratas e um bronze. (LUÍS CURRO E ROBERTO DIAS)


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