São Paulo, terça-feira, 25 de setembro de 2001

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FUTEBOL

Vice de futebol diz que time mineiro, que quis o técnico, só faz "bobagens"

Corinthians ataca Cruzeiro; Luxemburgo vira protegido

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após se oferecer para trabalhar no Cruzeiro, o técnico Wanderley Luxemburgo agora virou protegido da cúpula corintiana.
Para os dirigentes do clube paulista, foi o "co-irmão" mineiro, e não Luxemburgo, quem arquitetou a manobra de saída do treinador do Parque São Jorge.
"Eu não estou magoado com o Cruzeiro. Eles só fazem bobagens. Essa foi mais uma", disse o vice-presidente de futebol corintiano, Antonio Roque Citadini, desafeto de Luxemburgo, sobre o interesse dos mineiros em contratar o técnico do Corinthians.
Anteontem, a Folha revelou que o treinador pediu a um amigo que ligasse para o presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, e dissesse a ele que estava disposto a assumir o time mineiro porque seu ciclo no Corinthians havia acabado.
O dirigente mineiro, que ontem não foi localizado para comentar as declarações de Citadini, confirma a ligação e a oferta do técnico. O próprio Luxemburgo também confirmou ontem que sua intenção era deixar o clube paulista.
E só não o fez porque recebeu um aumento salarial de R$ 40 mil -o técnico nega o reajuste e ameaçou processar a Folha pela reportagem- e a garantia do fundo americano HMTF, parceiro do Corinthians e do Cruzeiro, de que receberia reforços para o elenco, motivo de divergências entre ele e a diretoria corintiana.
"Tudo estava caminhando muito devagar. Estava insatisfeito com essa situação. Cheguei até a enviar uma carta à diretoria", afirmou o treinador em entrevista à rádio Jovem Pan. "Além disso, o presidente Alberto Dualib impediu a minha saída."
A estratégia de "poupar" Luxemburgo, mesmo após ele ter se oferecido para dirigir o time mineiro, foi definida na reunião da sexta-feira passada, da qual participaram, além do técnico, o presidente Alberto Dualib, Dick Law, diretor-executivo do parceiro, Citadini e o vice de finanças corintiano, Carlos de Mello.
A ordem: pôr fim às desavenças e não comentar mais o episódio.
"Foi uma reunião de avaliação. Vimos que algumas coisas não estavam indo bem e faltam algumas etapas a serem cumpridas. Chegamos a um consenso", disse o vice de futebol corintiano.
Com isso, o Cruzeiro se transformou numa espécie de bode expiatório para o Corinthians.
Luxemburgo continuará acumulando os cargos de técnico e manager. Só que agora, segundo ele mesmo, está situado no mesmo patamar de Dualib, Citadini e Dick Law. "Os quatro comandantes do Corinthians se reuniram para aparar as arestas, e o Corinthians, não eu, saiu fortalecido", disse o técnico na sexta-feira.
"É isso mesmo. O Luxemburgo é importante no nosso processo de reestruturação do elenco", disse Citadini, bajulando o desafeto.


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