São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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Dirigente volta atrás, consegue 91 assinaturas de apoio e concorrerá a mais 4 anos na entidade

Farah marca eleição na FPF e se lança candidato

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Enfraquecido no plano nacional após o fim do Torneio Rio-São Paulo e a derrota na questão do calendário, Eduardo José Farah resolveu voltar atrás em sua decisão de sair da Federação Paulista de Futebol e concorrerá a mais um mandato de quatro anos.
Nos últimos dias, o dirigente montou uma verdadeira operação de guerra em seu QG, a sede da FPF, e colheu 91 assinaturas de clubes do interior e ligas regionais para lançar a "chapa Farah", encabeçada por ele.
Ontem, a entidade máxima do futebol paulista publicou edital em um jornal da capital convocando a eleição para segunda-feira. Os interessados em concorrer com Farah terão até as 17h de sexta para inscrever chapas.
Segundo a Folha apurou, no entanto, dificilmente outro candidato se lançará ao cargo. As exigências estatutárias para a inscrição de chapas, o número expressivo de assinaturas colhidas por Farah e o medo de retaliação no futuro são alguns dos motivos pelos quais opositores devem deixar o atual presidente da FPF sozinho na eleição da semana que vem.
A estratégia de Farah para obter maciço apoio de clubes do interior contou até com o desrespeito ao estatuto da FPF.
Conforme a Folha revelou, o dirigente, responsável pela convocação do pleito, infringiu a "constituição" da entidade ao não marcar as eleições no máximo até 9 de julho último.
De acordo com o estatuto, as eleições têm que ser realizadas até 180 dias antes do fim do mandato, que expira em janeiro.
Para arrematar mais apoio a sua candidatura, na semana passada o dirigente recebeu os presidentes dos times da Série A-1, além da Matonense como convidada, com o pretexto de oficializar o lançamento do Paulista-2003.
Mas nada foi resolvido. Farah usou o encontro para dizer aos presidentes de clubes que está disposto a aceitar uma virada de mesa proposta por eles.
Uma nova reunião foi então marcada para 15 de outubro, após a eleição presidencial.
Como disse o presidente do União São João, José Mário Pavan, na ocasião, Farah estava "sereno, maleável e receptivo, como nunca estivera nos 14 anos que está à frente da FPF" -para angariar apoio, recebeu até representantes de entidades sem expressão, como a Liga de Brodowski.
No ano passado, quando duas CPIs no Congresso devassavam o futebol brasileiro e sua gestão na FPF, Farah anunciou que deixaria a entidade no início de 2003.
Fez mistério até o fim, disse a presidentes de clubes grandes que estaria fora da disputa e incensou dois de seus homens de confiança, Reynaldo Carneiro Bastos (vice financeiro da FPF) e Marco Polo del Nero (presidente do TJD-SP), a buscar votos para viabilizar candidaturas próprias.
Com chances remotas de ganhar o pleito na CBF, seu grande sonho político, e com a perda de prestígio da Liga Rio-SP, Farah decidiu permanecer na FPF.
Procurado pela reportagem por meio de sua assessoria de imprensa, Farah disse que só daria entrevista após a eleição de segunda.


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