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FUTEBOL
TV rompe silêncio e inicia campanha formal por mata-mata em 2004
Após tapetão, Globo declara guerra aos pontos corridos
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
"Nossa guerra começa agora."
Um dia depois de o tapetão alterar
de novo a tabela do Brasileiro, a
Globo abriu formalmente boicote
aos pontos corridos e a luta política para retomar, já no ano que
vem, a fórmula do mata-mata.
O diretor-executivo da Globo
Esportes, Marcelo Campos Pinto,
rompeu no Rio seis meses de silêncio e divulgou posição já deflagrada nos bastidores: a insatisfação da TV com o atual formato.
A fórmula de pontos corridos,
disse, "é um suicídio econômico"
e vai levar "os clubes à falência".
"A verdade está estampada. Os
clubes não resistem a três anos assim", declarou Campos Pinto na
inauguração da sede da Futebol
Brasil Associados, a entidade que
congrega os times da Série B.
O executivo é o responsável por
firmar os contratos da emissora,
hoje o principal investidor do futebol, com federações e clubes.
Para a Globo Esportes, os pontos corridos entediam os espectadores. "Rodada a rodada, o brasileiro mostra que não gosta. Ele só
valoriza o campeão, gosta de decisão", declarou Campos Pinto.
Já está traçada a estratégia global para ressuscitar o mata-mata.
Primeiro, a emissora vai incentivar Corinthians, Vasco e Flamengo, três dos mais populares
clubes do país, a bombardear publicamente a fórmula. Os presidentes Alberto Dualib e Eurico
Miranda já se pronunciaram contra os pontos corridos, e Hélio
Ferraz, que defende sua manutenção, não ficará na Gávea em 2004.
A perspectiva de o Palmeiras
voltar à primeira divisão daria à
Globo outro aliado de peso. Mustafá Contursi quer o mata-mata e,
como vice do Clube dos 13, poderia influenciar seus colegas.
O fórum para a virada de mesa
seria a reunião do Conselho Técnico, com os 24 clubes que jogarão a Série A em 2004, no final
deste ano. Mas dois obstáculos se
antepõem aos planos da Globo.
A rejeição aos pontos corridos
só mobiliza sete clubes da Série A
-outros 14 falaram à Folha que
preferem manter tudo como está.
Outro ponto que atrapalha os
planos da TV é o Estatuto do Torcedor, que veda mudança no regulamento até 2005.
Oficialmente, a CBF também
confronta os interesses da Globo.
"O que pode ser debatido é o tamanho e o número de clubes, mas
não a volta do mata-mata. O problema desta edição é que ela é longa e tem times demais", afirmou o
presidente Ricardo Teixeira.
Mesmo assim, a Globo Esportes
concebeu a fórmula que define
como "de transição" para 2004:
todos contra todos em dois turnos, acrescido de uma "fase final"
com oito times -os campeões de
cada etapa (garantidos na Libertadores) e os seis mais bem colocados na soma dos turnos.
Publicamente, no entanto, a
emissora seguirá dizendo que não
interferirá na fórmula. "Se querem ir para a falência, o problema
é deles. A TV não sugere nada.
Cada um é dono do seu nariz",
declarou Campos Pinto.
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