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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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FUTEBOL

TV rompe silêncio e inicia campanha formal por mata-mata em 2004

Após tapetão, Globo declara guerra aos pontos corridos

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

"Nossa guerra começa agora." Um dia depois de o tapetão alterar de novo a tabela do Brasileiro, a Globo abriu formalmente boicote aos pontos corridos e a luta política para retomar, já no ano que vem, a fórmula do mata-mata.
O diretor-executivo da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto, rompeu no Rio seis meses de silêncio e divulgou posição já deflagrada nos bastidores: a insatisfação da TV com o atual formato.
A fórmula de pontos corridos, disse, "é um suicídio econômico" e vai levar "os clubes à falência".
"A verdade está estampada. Os clubes não resistem a três anos assim", declarou Campos Pinto na inauguração da sede da Futebol Brasil Associados, a entidade que congrega os times da Série B.
O executivo é o responsável por firmar os contratos da emissora, hoje o principal investidor do futebol, com federações e clubes.
Para a Globo Esportes, os pontos corridos entediam os espectadores. "Rodada a rodada, o brasileiro mostra que não gosta. Ele só valoriza o campeão, gosta de decisão", declarou Campos Pinto.
Já está traçada a estratégia global para ressuscitar o mata-mata.
Primeiro, a emissora vai incentivar Corinthians, Vasco e Flamengo, três dos mais populares clubes do país, a bombardear publicamente a fórmula. Os presidentes Alberto Dualib e Eurico Miranda já se pronunciaram contra os pontos corridos, e Hélio Ferraz, que defende sua manutenção, não ficará na Gávea em 2004.
A perspectiva de o Palmeiras voltar à primeira divisão daria à Globo outro aliado de peso. Mustafá Contursi quer o mata-mata e, como vice do Clube dos 13, poderia influenciar seus colegas.
O fórum para a virada de mesa seria a reunião do Conselho Técnico, com os 24 clubes que jogarão a Série A em 2004, no final deste ano. Mas dois obstáculos se antepõem aos planos da Globo.
A rejeição aos pontos corridos só mobiliza sete clubes da Série A -outros 14 falaram à Folha que preferem manter tudo como está.
Outro ponto que atrapalha os planos da TV é o Estatuto do Torcedor, que veda mudança no regulamento até 2005.
Oficialmente, a CBF também confronta os interesses da Globo. "O que pode ser debatido é o tamanho e o número de clubes, mas não a volta do mata-mata. O problema desta edição é que ela é longa e tem times demais", afirmou o presidente Ricardo Teixeira.
Mesmo assim, a Globo Esportes concebeu a fórmula que define como "de transição" para 2004: todos contra todos em dois turnos, acrescido de uma "fase final" com oito times -os campeões de cada etapa (garantidos na Libertadores) e os seis mais bem colocados na soma dos turnos.
Publicamente, no entanto, a emissora seguirá dizendo que não interferirá na fórmula. "Se querem ir para a falência, o problema é deles. A TV não sugere nada. Cada um é dono do seu nariz", declarou Campos Pinto.


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