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Nas contas, Rio é a menos transparente
Postulação carioca aos Jogos-2016 não informa gastos e salários, contrata sem licitação e ignora dados sobre executivos
Chicago divulga rendas de seus diretores, Madri faz concorrência para uso de toda verba pública, e Tóquio detalha perfis de sua equipe
MARIANA LAJOLO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Rio de Janeiro tem a candidatura menos transparente entre as quatro concorrentes aos
Jogos-2016 -as outras são Chicago, Madri e Tóquio. A postulação brasileira é a que dá menos informações sobre custos e
financiamento da postulação,
além de não exibir os currículos
da equipe do comitê no site.
Detalhe: é a candidatura do
Rio a que tem a maior fatia percentual de dinheiro público entre as quatro cidades que buscam ser a sede da Olimpíada.
Toda bancada com recursos
privados, com doações de empresas, Chicago-2016 é quem
fornece mais detalhes sobre
sua operação financeira. Um
relatório do comitê de candidatura da cidade detalha no seu
site cada uma das fontes de recursos e os gastos, com explicações para cada um deles.
São listados, por exemplo, os
salários dos 11 principais executivos da postulação americana. O presidente do comitê, Lori Healey, ganha US$ 250 mil
(R$ 448 mil) por ano.
Ainda são detalhados os gastos com consultorias, que somam em torno de US$ 11 milhões (R$ 19,7 milhões). "Em vários casos, a compensação
desses experts teve significativos descontos nas taxas de suas
cobranças-padrão", relata o
Comitê Chicago-2016.
Em seu site, o Comitê Rio-
-2016 não revela nem o gasto
total da candidatura -só havia
uma previsão, feita em 2008.
Questionado pela Folha, o
comitê brasileiro se recusou a
detalhar os gastos até agora. "A
campanha ainda está em curso.
Após o término da disputa, o
comitê, no compromisso com a
transparência, apresentará o
demonstrativo de receitas e
despesas publicamente", disse
a assessoria do Rio-2016.
Levantamento da reportagem mostrou que a candidatura brasileira deve consumir
cerca de R$ 100 milhões.
Contatada pela Folha, Madri
detalhou seus custos, por meio
do diretor financeiro do Comitê Madri-2016, Gerardo Corral.
O orçamento inicial do projeto era de US$ 40 milhões (R$
72 milhões) para três anos de
campanha. Deve atingir aproximadamente 40 milhões
(cerca de R$ 105 milhões).
O executivo ainda informou
que os gastos com marketing e
apresentações da candidatura
devem consumir 50% do total.
As viagens ficarão com entre
10% e 15% do orçamento.
O site de Madri disponibiliza
licitações de compras e serviços feitos com verba pública.
"É a lei, isso é obrigatório.
Temos de fazer consultas públicas para todos os contratos
que ultrapassam 100 mil",
afirmou Gerardo Corral.
O site do Rio-2016 tem um
link para licitações de serviços
e compras. Segundo o comitê,
foram realizados 48 processos
de fornecedores. Mas, quando
contratou a Event Knowledge
Services (EKS) por R$ 14,3 milhões, o órgão não fez licitação.
Em seu site, Tóquio-2016 cita a previsão de gastos com
candidatura, US$ 45 milhões
(R$ 86 milhões), mas não lista
como foi gasto o dinheiro. Não
houve resposta ao contato da
reportagem sobre esses dados.
Em compensação, os japoneses listam o currículo dos 20
executivos que trabalham na
candidatura. Ao pedir doações,
abrem um canal de informações com o público para fornecer dados sobre a campanha,
inclusive os relativos a gastos.
O site do Rio-2016 mostra o
organograma do comitê, com
os responsáveis por cada setor.
Só que não há nenhuma informação sobre cada um deles.
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