São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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TOSTÃO

Gosto também se discute


Não vi diferença técnica, tática e de dedicação do Palmeiras que ganhou vários jogos para o que perdeu os três últimos


A MELHOR PARTIDA da semana foi a vitória do Milan sobre o Real Madrid pela Copa dos Campeões. O técnico Leonardo escalou três atacantes, com Ronaldinho pela esquerda, Pato pela direita e Inzaghi de centroavante.
No primeiro tempo, os três ficaram isolados, muito distantes dos três armadores. No segundo, Leonardo foi ainda mais atrevido. Passou Seedorf, que jogava na linha do meio-campo, para atuar livre, perto dos três da frente.
O jogo ficou ótimo. A defesa do Milan ficou desprotegida, com só dois marcadores no meio-campo. O Real Madrid não aproveitou. Em compensação, o Milan criou várias chances de gol e virou o jogo. Pato, pela direita, entrando em diagonal pelo meio, fez dois gols.
Assim como Dunga aprendeu com os erros, Leonardo está também aprendendo. Será que Maradona vai aprender até a Copa?
Alguns aprendem mais rápido. Outros nunca aprendem.
Ronaldinho, como nos últimos tempos, realizou somente umas duas belas jogadas. É muito pouco. Pelo menos, deu um drible em velocidade, quando quase saiu um gol. Havia muito tempo que não o via fazer isso.
Ter referências é a base de qualquer análise. Escrevi semanas atrás, em um exagero de linguagem, que Ronaldinho, mesmo jogando muito pouco em relação ao que jogou, ainda é melhor que a maioria. Por outro lado, como seu esplendor técnico e físico ainda está na memória de todos, querem que ele atue como ou próximo aos seus melhores momentos. O pouco de excepcional que faz hoje é desconsiderado. Pelo contrário, há em muitos um prazer sádico de ver o fim de um ídolo.
Se Ronaldinho fosse um jovem desconhecido, jogando o mesmo futebol de hoje, diria que ele é uma grande promessa, um futuro craque.
Mesmo no auge, havia dois discursos prontos para analisar a atuação de Ronaldinho. Um, que ele era um gênio. Outro, quando suas belas jogadas não davam certo, para dizer que ele enfeitava demais e que não era eficiente, mesmo sendo o principal responsável pelas vitórias do Barcelona.
Esses, que querem ser mais objetivos que a objetividade, são os mesmos que, quando o Barcelona perde, o que é raro, como na quarta-feira, falam que o time toca a bola em excesso. Jogando assim, o Barcelona ganha a maioria das partidas, contra qualquer adversário.
Esses são os mesmos que analisam as partidas somente a partir dos resultados e do que os técnicos fizeram. São os mesmos que desaprenderam, ou que nunca souberam, o que é jogar um bom e bonito futebol.
Sei que cada um tem sua preferência. Respeito. A diversidade é essencial. Há muitos que gostam do Palmeiras das últimas vitórias e que não gostam do Palmeiras das últimas derrotas. Não gosto do futebol de um nem de outro.
Não vi também nenhuma diferença técnica, tática ou de dedicação entre o Palmeiras de várias vitórias, como as contra Cruzeiro e Atlético- -PR, e o que perdeu as últimas partidas. Os resultados foram diferentes por causa do equilíbrio, de detalhes imprevisíveis, inexplicáveis e ocasionais. O mesmo serve para os outros concorrentes ao título.
Por isso, não tenho nenhum palpite sobre o que vai acontecer hoje.


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