São Paulo, domingo, 25 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Equipes médias apostaram em treinadores com pouca experiência
'Emergentes' do Brasileiro ignoram nomes conhecidos

da Reportagem Local

Com poucas opções nas "grandes equipes", os treinadores mais famosos do Brasil também enfrentam dificuldades para encontrar trabalho nas equipes com menos tradição do país.
Sem dinheiro para pagar salários de até R$ 200 mil, como o de Wanderley Luxemburgo no Corinthians, alguns clubes escolheram técnicos sem muita experiência ou pouco conhecidos para a disputa do atual Brasileiro.
Em vários casos, a aposta no novo deu bons resultados.
Entre os "emergentes", o destaque maior fica para Dario Pereyra, técnico do Coritiba, equipe já praticamente classificada para as finais do campeonato, no melhor desempenho do time paranaense na competição depois de 13 anos.
Pereyra, que só havia treinado o São Paulo antes de assumir o Coritiba, ficou mais de seis meses desempregado.
Outro clube que vem obtendo sucesso sem um treinador famoso é o Sport.
O time pernambucano apostou no trabalho de Mauro Fernandes, pouco conhecido em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Como resultado, é outro clube que já está quase nos playoffs do Brasileiro-98, a melhor colocação do Sport desde 88.

Desesperados
Alguns clubes do campeonato também não apelaram para veteranos treinadores no momento de desespero.
O Atlético-PR, que foi o último colocado por várias rodadas, reagiu depois da contratação de João Carlos Costa, que trabalhava no Japão. O time conseguiu seis vitórias consecutivas, chegando ao bloco dos que tentam a classificação para a segunda fase.
Outro time que saiu de uma situação terminal com a ajuda de um técnico com pouco nome foi a Ponte Preta.
Com a chegada de Marco Aurélio, ex-jogador da própria Ponte, o time venceu quatro jogos seguidos e aumentou suas chances de continuar na primeira divisão do Brasileiro.
No Guarani, um técnico que nunca trabalhou em uma "grande" equipe obteve um feito que nomes como Wanderley Luxemburgo e Carlos Alberto Silva, atualmente no Goiás, não conseguiram.
Oswaldo Alvarez completou um ano no clube, façanha inédita na equipe de Campinas, que trocou mais de 30 vezes de treinador nos dez últimos anos.
Alguns dos "grandes" do futebol brasileiro também apostaram em caras novas para o Brasileiro.
É o caso do Grêmio, que depois de demitir Edinho trouxe Celso Roth, treinador com apenas dois anos de experiências em grandes clubes brasileiros.

Degola
Dos 24 clubes do Brasileiro-98, 16 já trocaram, pelo menos uma vez, de treinador.
Alguns, como América-RN, Flamengo e Ponte Preta fizeram duas substituições no comando das equipes.
Eduardo Amorim, do América-RN, foi o primeiro a ser demitido, logo depois da primeira rodada, quando seu time perdeu por 4 a 0 para o Sport.
O último a perder o emprego foi Cassiá, do Internacional, de Porto Alegre. O técnico foi demitido mesmo com seu clube, antes da rodada de ontem, ocupando o oitavo lugar na classificação, lugar que garante vaga na próxima fase da competição.
Entre os que saíram, 14 ainda não encontraram um novo emprego, juntando-se, segundo estimativa do Sindicato dos Treinadores Profissionais do Estado de São Paulo, aos quase 40 técnicos de primeira linha desempregados no país.
Para quem ainda está empregado, o presidente do sindicato, Olten Ayres da Cunha, dá um aviso.
"Os técnicos são ídolos de barro. Quando estão por cima acham que não vão cair nunca, mas isso sempre acontece." (PAULO COBOS)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.