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O PERSONAGEM
Jair Pereira não quer ser esquecido
da Reportagem Local
O currículo de Jair Pereira, 52,
desempregado há quase um
ano, é de fazer inveja a maioria
dos atuais treinadores do futebol brasileiro.
Seu primeiro título aconteceu
com a seleção sub-20, quando
venceu o Mundial do México,
em 83, no time que revelou o volante Dunga e o atacante Bebeto.
Depois, foi campeão paulista
com o Corinthians em 88, quando iniciou uma série de seis anos
consecutivos com pelo menos
um título por ano.
Em outra passagem pelo Corinthians, em 94, Pereira foi vice-campeão brasileiro, perdendo a final para o Palmeiras de
Wanderley Luxemburgo.
Mesmo com tantas conquistas,
Pereira é o que está há mais tempo desempregado entre os técnicos "medalhões" .
O último trabalho do treinador foi no Bahia, no final da
campanha do time que foi rebaixado para a Série B do Brasileiro
no ano passado.
Agora, espera por uma oferta
de trabalho, de preferência, de
algum clube paulista.
(PC)
Folha - Por que você está desempregado há tanto tempo?
Jair Pereira - Infelizmente,
mesmo depois de passar pelos
clubes mais importantes do Brasil, meu trabalho não está sendo
reconhecido. Além disso, a
maioria dos treinadores não depende mais de resultados, e sim
de ter bons empresários, que
mandam no futebol brasileiro
nos dias de hoje.
Folha - Você não recebeu nenhuma proposta de emprego na
temporada 98?
Pereira - Recebi ofertas do Fluminense e do Bragantino, mas
elas chegaram em momentos
que esses clubes estavam numa
situação muito ruim. Não teria
tempo de fazer um bom trabalho dessa forma.
Folha - Os altos salários recebidos pelos treinadores no Brasil
não dificultam na obtenção de
emprego?
Pereira - Isso pode atrapalhar
um pouco, mas, depois de 35
anos no futebol, não vou trabalhar por qualquer coisa. Cada
profissional deve ganhar pelo
que merece.
Folha - O senhor teme a concorrência da nova geração?
Pereira - Conquistei 15 títulos
na minha carreira, o que a maioria dos técnicos atuais juntos
não conseguiu.
Folha - Trabalhar no exterior
não é mais uma boa opção para
os técnicos brasileiros?
Pereira - Não sei se é uma boa
opção. Os salários pagos no exterior são hoje menores do que
os do Brasil.
Folha - Como é sua rotina sem
o futebol profissional?
Pereira - Procuro estudar o esporte. Tento fazer outras coisas
fora do futebol. Mas é difícil,
pois não tenho mais alegria para
quase nada.
Folha - Com tanto tempo sem
trabalho, como está sua situação
financeira?
Pereira - Tenho uma situação
razoável. Além disso, estou fazendo contenção de despesas e
contando com a ajuda da minha
filha, que é dentista. Mas não
posso ficar sem trabalhar por
mais tempo. Preciso voltar logo
ao futebol.
Folha - O que o senhor pretende fazer para voltar ao futebol
profissional?
Pereira - Agora, ao contrário
da maior parte da minha carreira, quando recebia várias propostas, eu preciso correr atrás
do emprego. Estão me esquecendo, e isso não pode acontecer. O que eu pretendo fazer é arrumar um empresário, pois sem
um fica muito difícil arrumar
trabalho em um bom clube.
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