EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Enquanto os torcedores do Atlético-MG se preocupavam em perseguir seu ex-ídolo Guilherme, um outro atacante do Corinthians jogou quase sem marcação, brilhou e deixou os paulistas próximos da semifinal do Brasileiro.
Deivid passeou pelo Mineirão. O introvertido atacante levou sua equipe a seu placar mais dilatado no Nacional e fez história ao marcar quatro vezes na goleada de 6 a 2 sobre os mineiros. Foi a primeira vez, nos 31 anos de história do Campeonatos Brasileiros, que um jogador marcou quatro vezes num único jogo de mata-mata.
Além de vazar Eduardo, Deivid participou de todos os seis gols corintianos ontem.
Com o Atlético-MG jogando com três zagueiros, desfalcado do líder Nem, o atacante jogou com velocidade e sobrou ontem.
Alternando com Gil as jogadas pelas laterais, enganou a defesa atleticana e conseguiu chegar com facilidade ao gol rival.
Logo aos 14min da etapa inicial, o Corinthians mostraria aos rivais sua principal arma. Em um rápido contra-ataque, puxado por Deivid, Vampeta avançou pela direita e rolou para Gil, já dentro da área, tocar na saída de Eduardo para abrir o placar.
O Atlético-MG mostrava nervosismo e parava na boa performance da defesa corintiana. A única bobeada dos visitantes até então havia acontecido aos 4min, quando Mancini recebeu sozinho na área e, cara a cara com Doni, chutou para fora.
Depois de fazer o primeiro gol, o Corinthians continuou mandando na partida. Aos 21min, o meia Renato aproveitou falha da zaga atleticana, que não se entendia, e, livre, desperdiçou.
Nove minutos depois, o time de Carlos Alberto Parreira ampliou. Deivid dominou a bola na intermediária e arriscou de longe, forte, acertando o ângulo de Eduardo, que nada pôde fazer.
Com dois gols de vantagem, o Corinthians recuou e passou a dar chances aos atleticanos. Com a torcida local já reclamando de seu time, Mancini diminuiu aos 41min. O ala, artilheiro do Atlético-MG, marcou seu 14º gol ao chutar forte, após cobrança de falta. A bola resvalou em Ânderson antes de entrar no gol de Doni.
O gol inflamou os quase 80 mil torcedores que foram ao Mineirão e, em minuto depois, o time da casa empatou. Após troca de passes na entrada da área, a bola sobrou para Michel, que bateu cruzado, rasteiro. No caminho, ainda desviou levemente em Rogério, tirando a chance de Doni.
No segundo tempo, a estrela de Deivid voltou a brilhar. Aos 8min, o atacante contou com a falha do zagueiro Eraldo, que não cortou lançamento, para, na velocidade, bater cruzado, firme, colocando o Corinthians em vantagem.
Com a zaga atleticana atabalhoada, totalmente vulnerável aos contra-ataques paulistas, o time de Parreira marcou 4 a 2.
Aos 9min, dentro da área, Deivid só recuou de calcanhar para Gil, que vinha na corrida, parar e bola e chutar colocado, de curva, sem chance para Eduardo. Foi a primeira assistência de Deivid, que acertou 90,3% dos passes ontem, segundo o Datafolha.
A partir daí, os torcedores mineiros começaram a gritar olé e a xingar seus jogadores.
Tentando diminuir a vantagem corintiana, o técnico Geninho abriu sua equipe de vez, colocando o meia-atacante Alexandre no lugar do zagueiro Eraldo.
A partir daí, só deu Corinthians. Sempre com toques rápidos e em direção ao gol, os visitantes avançavam em bloco. Muitas vezes, em número superior aos rivais.
Vampeta, que também teve excelente participação, voltou a colocar um colega na cara do gol. Ele achou Deivid livre na área, e o atacante tocou na saída de Eduardo.
Perdidos, os atleticanos atacavam desordenadamente e ainda deram brecha para os corintianos marcarem o sexto gol.
Aos 42min, Guilherme, aquele que foi perseguido e chamado de "assassino, cachaceiro e mercenário" pelos ex-fãs, desencantou. Driblou dois rivais e rolou para Deivid, com calma, marcar seu 12º gol na competição.
Assim, jogando quase em ritmo de treino, o Corinthians voltou a acordar no Brasileiro após queda de rendimento no final da fase de classificação. O mesmo time que, como Deivid, sonhava sair com um empate de Belo Horizonte para resolver a classificação no Morumbi, deixou o Mineirão com a certeza de que só um milagre o tira da semifinal do Brasileiro.


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