São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Começa tudo de novo

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A grande surpresa da rodada foi, evidentemente, a fantástica goleada do Corinthians sobre o Atlético-MG em pleno Mineirão.
O time de Parreira se fingiu de morto nas últimas rodadas da primeira fase para ressuscitar na hora certa. Agora está praticamente na semifinal.
A partida do Mineirão inverteu várias expectativas. Esperava-se um Corinthians cauteloso, que cozinhasse o jogo em fogo brando (sua especialidade até então) com o objetivo de sair com um empate.
Aconteceu o contrário: o time abriu uma vantagem de dois gols sobre o Atlético, concedeu o empate e fez mais quatro gols no segundo tempo.
Antes do jogo, esperava-se muito de Mancini, de Kléber, de Marques, de Gil -mas o grande nome da tarde foi Deivid, que nunca antes havia feito quatro gols numa partida.
Em outro resultado surpreendente, o Fluminense -que jamais havia vencido o São Caetano- abriu uma vantagem de três gols sobre o Azulão. Claro que a partida de volta, em São Caetano, será duríssima, mas é grande a possibilidade de que Corinthians e Fluminense se encontrem numa das semifinais.
Na outra "chave", as coisas estão bem mais indefinidas, com ligeira vantagem para o Juventude (joga por um empate contra o Grêmio no jogo de volta) e para o Santos (pode perder do São Paulo por um gol de diferença).
Não deixa de ser significativo que os dois melhores times da primeira fase -São Paulo e São Caetano- tenham sofrido reveses consideráveis na rodada. Agora, para eles, toda a vantagem acumulada ao longo do campeonato evaporou. É como se começasse outra competição.

O único jogo a que assisti inteiro foi o clássico San-São da Vila Belmiro. Pode não ter sido tão bom quanto o confronto anterior entre os dois times, mas foi uma partida repleta de variantes e de belos momentos.
O Santos começou melhor, mas o São Paulo reagiu e passou a mandar no jogo a partir dos 20 ou 25 minutos. O gol de Kaká, no último lance do primeiro tempo, fez jus a esse predomínio tricolor.
A impressão que dava era a de que, na segunda etapa, prevaleceria a melhor qualidade do elenco são-paulino e os garotos santistas sucumbiriam ao próprio nervosismo e falta de experiência.
Nada disso. Os jovens astros Robinho e Diego brilharam quando tinham de brilhar, os laterais santistas apareceram muito bem e o Santos acabou por abrir uma vantagem importantíssima sobre o rival, apesar da esplêndida atuação de Kaká e de algumas lindas jogadas do ataque tricolor.
De todos os jogos de volta destas quartas-de-final, o que mais promete emoções é justamente o do Morumbi.
O São Paulo tem time para tirar sua desvantagem de dois gols. Mas o Santos é imprevisível: tanto pode tomar como aplicar uma goleada. Ou seja: de tédio ninguém vai morrer.
Da partida na Vila, dois lances merecem destaque. No gol do São Paulo, Kaká mostrou velocidade, força e precisão, arrematando uma arrancada irresistível com um chute seco no ângulo. No gol de Diego, o garoto santista tirou Ameli do lance com uma finta sutil, feita mais de imobilidade que de movimento, e colocou com categoria no canto. Dá gosto ver esses meninos jogarem.

Não é só aqui
O superclássico espanhol Barcelona 0 x 0 Real Madrid ficou interrompido por 15 minutos devido à chuva de garrafas e copos que os torcedores do Barça atiravam sobre Figo, considerado "traidor" por ter trocado o clube catalão pelo Real. Insanidade e barbárie não têm pátria.

Dança dos artilheiros
Romário é a grande estrela, mas na hora do vamos ver quem resolveu as coisas para o Flu foram os "velhos" e bons Roni e Magno Alves. O santista Alberto, que chegou a ficar oito jogos sem marcar, fez o seu ontem e abriu caminho para a vitória de seu time. Deivid fez logo quatro. Os são-paulinos Reinaldo e Luís Fabiano ficaram devendo, embora este último tenha quase feito aquele que seria o gol da rodada, ao chapelar um adversário dentro da área depois de uma tabela perfeita entre Kaká e Ricardinho.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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