São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2001

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FUTEBOL

Torcedores confrontam a PM ao perceber que ingressos para a decisão da Copa SP não eram vendidos no estádio

Pacaembu vira praça de guerra na final

EDUARDO ARRUDA
VANER VENDRAMINI

DA REPORTAGEM LOCAL
Uma confusão na divulgação da venda de ingressos para a final da Copa São Paulo de juniores provocou uma batalha entre torcedores do São Paulo e a Polícia Militar ontem, na praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu.
Pelo menos 24 pessoas (18 torcedores e seis policiais militares) ficaram feridas e foram atendidas no departamento médico do estádio. Segundo o médico da competição, Jorge Robortela, nenhum torcedor teve ferimentos graves.
O conflito começou por volta das 14h45, quando torcedores do São Paulo se aglomeraram na praça à procura de ingressos.
As bilheterias do Pacaembu, porém, estavam fechadas. Um acordo entre a Federação Paulista e a PM estabeleceu que as entradas seriam vendidas até as 11h no estádio. Após esse horário, só dois postos de venda comercializavam os bilhetes -nas estações de metrô Clínicas e Barra Funda.
Nos dois locais também houve confusão. Enormes filas de torcedores se formaram, e muitos não conseguiram comprar ingressos -apenas 21 mil lugares foram liberados para o jogo.
O desencontro nas informações levou muitos são-paulinos ao Pacaembu. "Com certeza a organização e a divulgação não foram bem feitas", afirmou o major da PM Marcos Marinho.
Sem ingressos, os torcedores ameaçavam invadir o estádio.
A tropa de choque da PM então montou um cordão de isolamento para impedir a aproximação dos torcedores sem bilhete.
Foi o estopim para o conflito. Revoltados, os são-paulinos começaram a atirar pedras e pedaços de madeira nos policiais, que revidavam com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, além de balas de borracha. Houve corre-corre, e muitos torcedores foram espancados pelos policiais.
No meio da confusão, uma mulher, acompanhada dos dois filhos pequenos, teve uma crise asmática quando tentava se proteger. Ela foi atendida no posto médico do estádio e, depois, liberada.
Muitos torcedores tentavam escapar do tumulto, enquanto outros guerreavam com a PM.
Rodeado por alguns são-paulinos, um policial sacou a arma e ameaçou atirar.
Segundo a PM, mais de 20 mil torcedores estavam do lado de fora do estádio. A segurança nas imediações do Pacaembu foi feita por 150 policiais. No final da confusão, no entanto, mais de 300 policiais ocupavam a Charles Miller.
"Nós estamos com efetivo de final de campeonato", disse o capitão da PM Flávio Depieri.
"Chegamos a usar até megafone para pedir aos torcedores que se dirigissem aos postos de venda."
"Com a polícia não tem diálogo. Eles nos cercaram e começaram a atirar balas de borracha, bombas de efeito moral. Foi horrível", dizia o torcedor Armando Sisco, mostrando escoriações nas costas. "Nós não sabíamos que não haveria venda de ingressos aqui."
Aos poucos, a situação foi sendo controlada. Porém o clima continuou tenso até o final da partida.


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