São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Parreira prova o Corinthians

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A frieza de Carlos Alberto Parreira se encontra hoje, às 16h, com a torcida mais quente de São Paulo no estádio do Canindé.
Corinthians x Americano é o primeiro desafio do ex-técnico da seleção diante da torcida de seu novo clube depois de um amistoso no interior e um empate com o Fluminense no Rio.
Parreira tem a missão de conquistar os torcedores corintianos para tentar se manter no comando de um grande paulista por mais de um semestre. No São Paulo ele ficou exatos cem dias e foi demitido. Na Vila Belmiro, passou menos de um mês como técnico e pediu demissão.
Anunciado na véspera de Natal, Parreira chegou ao Corinthians fazendo uma declaração de amor ao clube e a sua torcida.
"Comparo o Corinthians com a seleção. São da mesma grandeza. Sofrem a mesma pressão. O Corinthians é o time do povo. Assumo com a mesma responsabilidade que assumiria a seleção brasileira. É meu presente de Papai Noel", disse ele na época.
A organizada Gaviões da Fiel "agradeceu" e decretou uma trégua. Parreira será apoiado, enquanto a diretoria (especialmente o vice-presidente de futebol, Antonio Roque Citadini) e o HMTF, fundo norte-americano de investimentos parceiro do clube, continuarão sendo alvo de protestos.
"Nós vamos apoiar o trabalho do Parreira e de sua comissão técnica. Ele foi o campeão do tetracampeonato do Brasil e merece o nosso respeito. Se ele não deu certo em outros clubes, se ele não teve o mesmo sucesso da sua época na seleção, isso não significa que ele não é um bom técnico. Vamos ver o trabalho dele e procurar ter um diálogo", disse Augusto Juncal, diretor da organizada, que também apoiava Wanderley Luxemburgo.
Parreira não minimizou o papel da torcida na vida do clube. Disse que os torcedores corintianos fazem parte do time e que está aberto para recebê-los.
"A torcida quer o mesmo que nós. Eles querem que o time ganhe os jogos e chegue ao título. Eu também. Não vejo nenhum inconveniente em recebê-los. Uma coisa é conversar, outra é determinar", afirmou ele, que, entretanto, recusou o convite para desfilar pela Gaviões no Carnaval. "Não dá. Não tenho o menor molejo e ainda morro de vergonha."
Se a relação entre Parreira e Gaviões está boa, o mesmo não pode ser dito da Camisa 12, segunda maior organizada do Corinthians.
Jaime Ferreira da Silva Júnior, diretor da torcida, já decretou o fim da era Parreira. "O Parreira no Corinthians não vai durar mais do que seis meses. Se ele foi tetra não me interessa. O currículo não conta. Para ser técnico do Corinthians tem que ter postura, pulso forte. A cobrança vai existir sempre, e ele não vai aguentar", afirmou o diretor da organizada.
Mas, para a atual diretoria do Corinthians, a torcida tem a sua importância nas arquibancadas. Na administração, os torcedores não devem se intrometer.
O momento é de Parreira. A serenidade com que ele comanda o elenco e participa de reuniões enche os olhos da diretoria.
Alberto Dualib, presidente do clube, e Dick Law, diretor-executivo do HMTF, estão satisfeitos. Além de pagar menos (R$ 150 mil) do que pagavam a Luxemburgo (R$ 210 mil), o Corinthians tem agora um diretor técnico.
"No ano passado, a dispensa de nove jogadores [promovida por Luxemburgo em julho" além de causar prejuízo, porque tivemos que continuar pagando os salários de todos, caiu como uma bomba no elenco. Agora também nove jogadores deixaram o clube, mas sem estardalhaço. Não teve crise, muito pelo contrário. Todos foram negociados. Além disso, o Parreira soube abrir espaço para os jogadores que voltaram, sem desvalorizá-los", disse Dualib.
O presidente do Corinthians ainda elogiou a forma educada com que Parreira trata os jogadores e todos no clube.
"Ele é um "gentleman". Todos estão deslumbrados com o seu conhecimento sobre futebol", concluiu o presidente corintiano.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Técnico muda para equilibrar lado direito
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.