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Parreira prova o Corinthians
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A frieza de Carlos Alberto Parreira se encontra hoje, às 16h, com
a torcida mais quente de São Paulo no estádio do Canindé.
Corinthians x Americano é o
primeiro desafio do ex-técnico da
seleção diante da torcida de seu
novo clube depois de um amistoso no interior e um empate com o
Fluminense no Rio.
Parreira tem a missão de conquistar os torcedores corintianos
para tentar se manter no comando de um grande paulista por
mais de um semestre. No São
Paulo ele ficou exatos cem dias e
foi demitido. Na Vila Belmiro,
passou menos de um mês como
técnico e pediu demissão.
Anunciado na véspera de Natal,
Parreira chegou ao Corinthians
fazendo uma declaração de amor
ao clube e a sua torcida.
"Comparo o Corinthians com a
seleção. São da mesma grandeza.
Sofrem a mesma pressão. O Corinthians é o time do povo. Assumo com a mesma responsabilidade que assumiria a seleção brasileira. É meu presente de Papai
Noel", disse ele na época.
A organizada Gaviões da Fiel
"agradeceu" e decretou uma trégua. Parreira será apoiado, enquanto a diretoria (especialmente
o vice-presidente de futebol, Antonio Roque Citadini) e o HMTF,
fundo norte-americano de investimentos parceiro do clube, continuarão sendo alvo de protestos.
"Nós vamos apoiar o trabalho
do Parreira e de sua comissão técnica. Ele foi o campeão do tetracampeonato do Brasil e merece o
nosso respeito. Se ele não deu certo em outros clubes, se ele não teve o mesmo sucesso da sua época
na seleção, isso não significa que
ele não é um bom técnico. Vamos
ver o trabalho dele e procurar ter
um diálogo", disse Augusto Juncal, diretor da organizada, que
também apoiava Wanderley Luxemburgo.
Parreira não minimizou o papel
da torcida na vida do clube. Disse
que os torcedores corintianos fazem parte do time e que está aberto para recebê-los.
"A torcida quer o mesmo que
nós. Eles querem que o time ganhe os jogos e chegue ao título. Eu
também. Não vejo nenhum inconveniente em recebê-los. Uma
coisa é conversar, outra é determinar", afirmou ele, que, entretanto, recusou o convite para desfilar pela Gaviões no Carnaval.
"Não dá. Não tenho o menor molejo e ainda morro de vergonha."
Se a relação entre Parreira e Gaviões está boa, o mesmo não pode
ser dito da Camisa 12, segunda
maior organizada do Corinthians.
Jaime Ferreira da Silva Júnior,
diretor da torcida, já decretou o
fim da era Parreira. "O Parreira
no Corinthians não vai durar
mais do que seis meses. Se ele foi
tetra não me interessa. O currículo não conta. Para ser técnico do
Corinthians tem que ter postura,
pulso forte. A cobrança vai existir
sempre, e ele não vai aguentar",
afirmou o diretor da organizada.
Mas, para a atual diretoria do
Corinthians, a torcida tem a sua
importância nas arquibancadas.
Na administração, os torcedores
não devem se intrometer.
O momento é de Parreira. A serenidade com que ele comanda o
elenco e participa de reuniões enche os olhos da diretoria.
Alberto Dualib, presidente do
clube, e Dick Law, diretor-executivo do HMTF, estão satisfeitos.
Além de pagar menos (R$ 150
mil) do que pagavam a Luxemburgo (R$ 210 mil), o Corinthians
tem agora um diretor técnico.
"No ano passado, a dispensa de
nove jogadores [promovida por
Luxemburgo em julho" além de
causar prejuízo, porque tivemos
que continuar pagando os salários de todos, caiu como uma
bomba no elenco. Agora também
nove jogadores deixaram o clube,
mas sem estardalhaço. Não teve
crise, muito pelo contrário. Todos
foram negociados. Além disso, o
Parreira soube abrir espaço para
os jogadores que voltaram, sem
desvalorizá-los", disse Dualib.
O presidente do Corinthians
ainda elogiou a forma educada
com que Parreira trata os jogadores e todos no clube.
"Ele é um "gentleman". Todos
estão deslumbrados com o seu
conhecimento sobre futebol",
concluiu o presidente corintiano.
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