DA REDAÇÃO

O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, descartou a realização a curto prazo de uma Olimpíada em ""países emergentes" e usou como argumento a Argentina, que enfrenta dificuldades econômicas.
""A África e a América Latina podem organizar uma Copa, mas não a Olimpíada. Veja a Argentina, que apresentou uma boa candidatura para os Jogos de 2004. Veja o que se passa hoje. Imagine se ela tivesse sido escolhida", justificou Rogge, em entrevista ao jornal suíço ""Le Temps", ao argumentar que a Copa é um evento mais barato que uma Olimpíada.
Tal declaração contraria as expectativas do Comitê Olímpico Brasileiro e contradiz ações do próprio COI, pois foi marcado para março, no Rio, um seminário cuja meta é fornecer subsídios aos municípios sobre como apresentar suas candidaturas a sede dos Jogos Olímpicos, Pan-Americanos, Sul-Americanos e Mundiais.
Procurado na tarde de ontem pela reportagem da Folha, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, não ligou de volta.
Rogge fez uma analogia baseada em números para mostrar que os Jogos Olímpicos são eventos muito maiores em termos financeiros do que as Copas do Mundo. ""Na Copa são 600 jogadores, 64 jogos, 5.000 jornalistas e 1,5 milhão de espectadores. Uma Olimpíada envolve 10,5 mil atletas, 900 eventos esportivos, 25 mil jornalistas e 9,5 milhões de espectadores."
Ao ser questionado sobre a diferença de estilos entre ele e seu predecessor, Juan Antonio Samaranch, Rogge disse que o espanhol era ""um homem de consenso, que sempre encontrava soluções sem ter de dizer não".
""Eu, por outro lado, sou um cirurgião. Tenho o costume de fazer cortes em favor de soluções "saudáveis", ainda que dessa forma nem sempre faça amigos", afirmou Rogge, que tem como uma de suas prioridades ""enxugar" os Jogos Olímpicos.