São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

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Exceção, Anderson se diverte no Brasil

Único bicampeão mundial de vôlei a jogar no país saboreia retorno à família e ao clube que o projetou

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Salários altos, em euro, duelos contra os melhores atletas da elite, estrutura de primeiro mundo. A vida nos principais centros de vôlei do planeta é o sonho de qualquer jogador.
Não à toa, quase todos os brasileiros bicampeões mundiais jogam atualmente no exterior. A exceção é Anderson, que decidiu contrariar a tendência.
Ele aceitou um salário mais baixo, maratona de jogos em um torneio mais fraco e insegurança para voltar ao Brasil.
É, ao lado de Bruninho, o único atleta da atual equipe de Bernardinho a atuar no país. Estrela principal da Superliga.
"Voltei para ficar perto da minha família. Já estava muito desgastado. Lá fora pagam melhor, mas você tem de querer muito ou precisar de dinheiro. Teve gente que achou que era a escolha errada, eu ia ganhar menos, não estaria no melhor vôlei do mundo, podia esperar mais. Mas eu não queria mais", afirma Anderson.
O oposto estava na Itália, onde jogou por Piacenza, Cuneo e Taranto. Gostava do país e da comida, mas o relacionamento com atletas locais era difícil.
"Eles se acham os melhores do mundo. Têm um bom campeonato, mas a seleção não é mais a mesma. Sempre discutíamos. Mas não foi o que pesou na minha escolha", diz, fazendo eco à reclamação de outros brasileiros que atuam na Europa.
Antes de se aventurar na Itália, Anderson passou três anos no Japão. Sofreu no começo, principalmente pelo idioma. O jeito mais frio dos orientais também dificultou a adaptação.
"Eu me sentia sozinho às vezes. Demora até você entender o estilo de vida deles. Mas fui me adaptando", afirma ele, que tinha como programa preferido ir a um parque de diversões aos pés do monte Fuji e andar em montanhas-russas.
Lá, Anderson era "mais um". Diferentemente do que ocorre agora no Brasil ou na Itália, não era reconhecido na rua nem recebia tratamento de ídolo.
O jogador recebeu propostas de alguns clubes brasileiros para voltar e escolheu a Ulbra, clube que o projetou. No time, teve de se adaptar a também exercer a função de ponta.
Hoje, defende a equipe contra o Minas, às 10h , na final do segundo torneio da Superliga, em Porto Alegre.
Além de ganhar menos do que na Europa, Anderson tem de jogar mais vezes no Brasil. A maratona de até três jogos semanais desgasta o oposto de 33 anos. A estrutura dos ginásios também nem sempre é a ideal.
"O modelo ideal é o da Itália, com um jogo por semana. Mas eles têm o melhor torneio porque têm os melhores atletas de todo o mundo jogando lá", diz o atleta, que fez jogos da segunda fase da Superliga em Suzano (SP), cidade parceira da Ulbra.
Anderson sabe que é um atleta caro e que poucos clubes têm condições de pagá-lo. Não pensa em voltar ao exterior, mas pode ter de mudar os planos.
"Isso pode acontecer mesmo, sei que estou em um padrão que não é o da maioria dos jogadores do Brasil. Mas não quero pensar nisso agora, quero aproveitar e me divertir", diz.


NA TV - Ulbra x Minas
Globo, ao vivo, às 10h



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