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Exceção, Anderson se diverte no Brasil
Único bicampeão mundial de vôlei a jogar no país saboreia retorno à família e ao clube que o projetou
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Salários altos, em euro, duelos contra os melhores atletas
da elite, estrutura de primeiro
mundo. A vida nos principais
centros de vôlei do planeta é o
sonho de qualquer jogador.
Não à toa, quase todos os brasileiros bicampeões mundiais
jogam atualmente no exterior.
A exceção é Anderson, que decidiu contrariar a tendência.
Ele aceitou um salário mais
baixo, maratona de jogos em
um torneio mais fraco e insegurança para voltar ao Brasil.
É, ao lado de Bruninho, o único atleta da atual equipe de Bernardinho a atuar no país. Estrela principal da Superliga.
"Voltei para ficar perto da
minha família. Já estava muito
desgastado. Lá fora pagam melhor, mas você tem de querer
muito ou precisar de dinheiro.
Teve gente que achou que era a
escolha errada, eu ia ganhar
menos, não estaria no melhor
vôlei do mundo, podia esperar
mais. Mas eu não queria mais",
afirma Anderson.
O oposto estava na Itália, onde jogou por Piacenza, Cuneo e
Taranto. Gostava do país e da
comida, mas o relacionamento
com atletas locais era difícil.
"Eles se acham os melhores
do mundo. Têm um bom campeonato, mas a seleção não é
mais a mesma. Sempre discutíamos. Mas não foi o que pesou
na minha escolha", diz, fazendo
eco à reclamação de outros brasileiros que atuam na Europa.
Antes de se aventurar na Itália, Anderson passou três anos
no Japão. Sofreu no começo,
principalmente pelo idioma. O
jeito mais frio dos orientais
também dificultou a adaptação.
"Eu me sentia sozinho às vezes. Demora até você entender
o estilo de vida deles. Mas fui
me adaptando", afirma ele, que
tinha como programa preferido ir a um parque de diversões
aos pés do monte Fuji e andar
em montanhas-russas.
Lá, Anderson era "mais um".
Diferentemente do que ocorre
agora no Brasil ou na Itália, não
era reconhecido na rua nem recebia tratamento de ídolo.
O jogador recebeu propostas
de alguns clubes brasileiros para voltar e escolheu a Ulbra,
clube que o projetou. No time,
teve de se adaptar a também
exercer a função de ponta.
Hoje, defende a equipe contra o Minas, às 10h , na final do
segundo torneio da Superliga,
em Porto Alegre.
Além de ganhar menos do
que na Europa, Anderson tem
de jogar mais vezes no Brasil. A
maratona de até três jogos semanais desgasta o oposto de 33
anos. A estrutura dos ginásios
também nem sempre é a ideal.
"O modelo ideal é o da Itália,
com um jogo por semana. Mas
eles têm o melhor torneio porque têm os melhores atletas de
todo o mundo jogando lá", diz o
atleta, que fez jogos da segunda
fase da Superliga em Suzano
(SP), cidade parceira da Ulbra.
Anderson sabe que é um atleta caro e que poucos clubes têm
condições de pagá-lo. Não pensa em voltar ao exterior, mas
pode ter de mudar os planos.
"Isso pode acontecer mesmo,
sei que estou em um padrão
que não é o da maioria dos jogadores do Brasil. Mas não quero
pensar nisso agora, quero aproveitar e me divertir", diz.
NA TV - Ulbra x Minas
Globo, ao vivo, às 10h
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