São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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JUCA KFOURI

Futebol é jogo pra homem!

Enquanto o vitorioso futebol feminino é destratado pela CBF, seguem as cenas de machismo explícito pelo país

O PROGRAMA mensal "Histórias do Esporte", da ESPN Brasil, há 11 anos mostra os bastidores do esporte nacional como nenhum outro na TV brasileira.
Se o trabalho investigativo da dupla Roberto Salim/Ronaldo Kotscho fosse apresentado numa TV aberta, certamente nosso esporte não seria mais o que é. Mas cadê coragem? Melhor tratar o esporte como entretenimento apenas, como negócio, pois não, e deixar os "sócios" em completo sossego. O programa que foi ao ar ontem à noite - tem repeteco hoje, às 15h30, e amanhã, às 20h30 - tratou do futebol feminino, prata em Atenas e, então, objeto de solene promessa de apoio por parte de Ricardo Teixeira. Nada se fez de concreto na CBF e nem sequer se sabe, tão perto do Pan-2007, quais jogadoras defenderão a seleção brasileira na competição. Até mesmo Marta, a melhor do mundo, não está garantida, segundo a reportagem revelou.
Em tese, dinheiro não faltaria. Nem da Fifa, que destina recursos ao futebol feminino mundo afora -sem que se saiba, por aqui, que destino tal auxílio tem, segundo o que Salim e Kotscho apuraram. Dá pena das meninas. E dá raiva dos cartolas.
Como de todo o universo do futebol masculino, que se cala e não se solidariza com a sua outra metade. Uma palavra de um Kaká, por exemplo, ou de Dunga, que efeito teria para respaldar o florescimento de uma atividade que já demonstrou ter tudo para dar certo no país? E o COB, o Ministério do Esporte, tão solícitos para distribuir verbas nem sempre bem explicadas, o que têm feito neste sentido?
Um dia, o imortal João Saldanha disse que não gostaria de ter uma nora que fosse zagueira do Bangu. Se pudesse ter visto o "Histórias do Esporte" de ontem, no entanto, certamente mudaria de opinião. Porque o "João Sem Medo" não confundia valentia com machismo, sinônimo de covardia.

Homão
Jogou como goleiro e virou técnico de futebol. Era forte, tinha os cabelos brancos, era um poço de ignorância e fingia entender de futebol. Como treinador, passou por Atlético-MG, Cruzeiro, Corinthians, entre outros. Era chamado sempre que as coisas não andavam bem e um cartola qualquer achava que estava faltando disciplina, autoridade. Sim, nosso amigo sempre se caracterizou por ser autoritário, o que é diferente de ter autoridade. Filhote da ditadura militar, era o reacionário em estado bruto e adorava vociferar contra atletas, árbitros e jornalistas. Até era capaz de, por pouco tempo, botar ordem na casa e ganhar um título aqui e outro ali. Mas logo seus times desandavam, e a situação ficava pior do que antes de sua chegada.
Qualquer semelhança não é mera coincidência, embora este pequeno lembrete diga respeito a Dorival Knippel, o Yustrich, também chamado de Homão. Que rima com outro mandão que está longe de ser solução, porque tem estilo mais para porteiro, de boite, do que para treineiro -como Yustrich foi nas décadas de 1960/ 70, depois de ter sido goleiro do Flamengo, nos anos 30/40. O Homão morreu, fisicamente, em 1990.
Leão se esvai, como técnico, neste 2007, e não honra -ou honra?- o apelido de rei dos animais. Até um cartolinha da área "social" corintiana, que já andou processado por bater na ex-mulher, achou de puxar-lhe a juba pelo lamentável episódio de machismo com a repórter Marília Ruiz. Homão, machão, sei não.

blogdojuca@uol.com.br


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