São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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TOSTÃO

Desculpas para boi dormir

Com a ajuda de lesões, Dunga adia a solução da grande dúvida da seleção, que é escalar Kaká, Robinho e Ronaldinho

EM 1958 , 50 anos atrás, o ponta Zagallo já percebia que o meio-campo era muito grande para dois jogadores e se tornou o terceiro armador. Quando o time recuperava a bola, ele avançava pela esquerda. Rivellino fez o mesmo na Copa de 1970.
Hoje, a maioria dos times europeus joga com quatro no meio-campo, sendo dois volantes e um meia, que ataca e defende, de cada lado. As equipes que atuam com três na frente possuem três armadores que marcam. No Brasil, os times costumam jogar com três volantes. São raras as equipes que atuam com três atacantes e um meia ofensivo ou com dois meias ofensivos e dois atacantes.
Com o recuo de Cícero para ser o terceiro marcador no meio-campo, o Fluminense ficou mais equilibrado, especialmente para jogar fora de casa e contra times do mesmo nível. Assim, os excelentes meias Conca e Thiago Neves podem atuar próximos de Washington. São três no meio e três na frente. Arouca e Cícero também avançam, como devem fazer os bons volantes.
Com o retorno de Dodô ou Leandro Amaral, Renato terá um problema parecido com o de Dunga. O técnico da seleção nunca quis escalar juntos Kaká, Ronaldinho e Robinho, além de um centroavante, e deixar apenas dois marcadores no meio-campo, ainda mais depois da péssima atuação contra o Uruguai.
Para não colocar Ronaldinho na reserva e evitar críticas, Dunga deu a desculpa, para não convocá-lo, de que o jogador precisa se preparar melhor. No dia da convocação, Ronaldinho jogava havia várias partidas e tinha feito um gol de bicicleta.
Os três craques não têm jogado bem juntos porque o técnico não tem competência ou não há nenhuma chance de os três darem certo? Prefiro a primeira hipótese.
Na Copa das Confederações, os três brilharam juntos, com Kaká e Ronaldinho atuando mais pelos lados e Robinho mais perto de Adriano.
O que não se pode é escalar os três e apenas pedir a eles que ajudem na marcação. Isso não funciona.
As funções e as obrigações necessitam ser claras e cumpridas, mesmo que a função de um deles seja a de não ter nenhuma função. Esse papo de que o craque não gosta de ter obrigações táticas é outra desculpa dos treinadores para não escalá-los juntos.
Parece que Richarlyson é agora o titular da lateral esquerda. Muitos dizem que ele piorou muito depois que foi convocado. Acho que continua o mesmo, ou seja, apenas um bom jogador, forte e aplicado. A imprensa exagerou nos elogios a Richarlyson no ano passado e agora tenta corrigir.
Se ele jogar muito bem hoje, não vou mudar de opinião por causa de um jogo. Os dois volantes da minha seleção do Brasileiro foram Hernanes e Ramires. Kléber foi o lateral-esquerdo.
Hoje, Dunga tem mais uma boa chance para observar vários jogadores olímpicos, o que não fez no amistoso anterior.
As desculpas de que os jovens são também avaliados por seus comportamentos na concentração é conversa para boi dormir.
Muitos atletas tímidos e calados ficam possessos durante a partida, enquanto outros, alegres e brincalhões, se contraem e se apagam.


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