São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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Com e sem maiô, França discute boicote a Pequim

Sarkozy e recordista vêem real possibilidade de ausência na festa de abertura

Na China, população não é informada de invasão por manifestantes em cerimônia da tocha, evento chamado de "perfeito" pela mídia local

DA REPORTAGEM LOCAL

Dentro e fora das arenas esportivas, a França acena com a possibilidade de boicotar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. Os ""rostos" mais populares do país no momento, a nova sensação das piscinas, Alain Bernard, e o presidente Nicolas Sarkozy, mostraram ontem uma forte inclinação nessa direção.
"Boicotar a cerimônia de abertura? Por que não?", questionou, retoricamente, Bernard, que se tornou recordista dos 50 m e dos 100 m livre nos últimos dias, durante uma entrevista à rede francesa TFI.
"Seria uma forte mensagem dos políticos", argumentou.
O nadador, no entanto, admite que um eventual boicote constitui um assunto delicado.
"Como atletas, nós teremos um papel importante porque nós iremos produzir lá, nossas performances atrairão a atenção do mundo", filosofou.
"Mas, tirando o lado esportivo, o boicote se torna uma decisão política. É uma questão muito delicada para a gente."
No terreno político, Sarkozy não descarta a possibilidade de um boicote como forma de protesto contra as violentas ações da China no Tibete.
"Não posso fechar a porta a nenhuma possibilidade", disparou Sarkozy, ao ser questionado ontem sobre a possibilidade de boicote à cerimônia.
"Nossos amigos chineses precisam entender a preocupação mundial sobre a situação no Tibete. Vou adaptar meu discurso de acordo com a evolução dos acontecimentos."
"Quero o início do diálogo", afirmou Sarkozy, antes de repetir que irá dar suas respostas "com base nas respostas das autoridades chinesas".
O grupo Repórteres Sem Fronteiras, baseado na França, havia sugerido a membros do governo o boicote, e a idéia vem ganhando apoio da população.
O chanceler francês, Bernard Kouchner, classificou na semana passada o boicote de ""idéia interessante". Depois, voltou atrás ao chamá-la de ""irreal".
Se toda a polêmica envolvendo a tocha chama atenção fora da China, dentro a recente confusão envolvendo a invasão da cerimônia de acendimento da tocha passou despercebida.
O diário ""Daily China", publicado na língua inglesa, trouxe oito artigos sobre o início do revezamento da tocha, sem mencionar incidentes. Manchetes e textos do periódico festejavam o ""sucesso" da cerimônia de acendimento da tocha, que teve o trecho da invasão dos manifestantes censurada pela TV estatal chinesa. A cobertura das redes CNN e BBC do protesto, disponíveis a estrangeiros hospedados em hotéis, foram retiradas do ar.
"Um início perfeito para o caminho ao ouro", manchetou.
Chineses entrevistados nas ruas de Pequim disseram nada saber a respeito de protestos.
"Não é algo com que devemos nos preocupar", afirmou um coletor de lixo que se identificou apenas como Zhang.


Com agências internacionais

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