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Com e sem maiô, França discute boicote a Pequim
Sarkozy e recordista vêem real possibilidade de ausência na festa de abertura
Na China, população não é informada de invasão por
manifestantes em cerimônia da tocha, evento chamado
de "perfeito" pela mídia local
DA REPORTAGEM LOCAL
Dentro e fora das arenas esportivas, a França acena com a
possibilidade de boicotar a cerimônia de abertura dos Jogos
Olímpicos de Pequim. Os ""rostos" mais populares do país no
momento, a nova sensação das
piscinas, Alain Bernard, e o presidente Nicolas Sarkozy, mostraram ontem uma forte inclinação nessa direção.
"Boicotar a cerimônia de
abertura? Por que não?", questionou, retoricamente, Bernard, que se tornou recordista
dos 50 m e dos 100 m livre nos
últimos dias, durante uma entrevista à rede francesa TFI.
"Seria uma forte mensagem
dos políticos", argumentou.
O nadador, no entanto, admite que um eventual boicote
constitui um assunto delicado.
"Como atletas, nós teremos
um papel importante porque
nós iremos produzir lá, nossas
performances atrairão a atenção do mundo", filosofou.
"Mas, tirando o lado esportivo, o boicote se torna uma decisão política. É uma questão
muito delicada para a gente."
No terreno político, Sarkozy
não descarta a possibilidade de
um boicote como forma de protesto contra as violentas ações
da China no Tibete.
"Não posso fechar a porta a
nenhuma possibilidade", disparou Sarkozy, ao ser questionado ontem sobre a possibilidade de boicote à cerimônia.
"Nossos amigos chineses
precisam entender a preocupação mundial sobre a situação
no Tibete. Vou adaptar meu
discurso de acordo com a evolução dos acontecimentos."
"Quero o início do diálogo",
afirmou Sarkozy, antes de repetir que irá dar suas respostas
"com base nas respostas das autoridades chinesas".
O grupo Repórteres Sem
Fronteiras, baseado na França,
havia sugerido a membros do
governo o boicote, e a idéia vem
ganhando apoio da população.
O chanceler francês, Bernard
Kouchner, classificou na semana passada o boicote de ""idéia
interessante". Depois, voltou
atrás ao chamá-la de ""irreal".
Se toda a polêmica envolvendo a tocha chama atenção fora
da China, dentro a recente confusão envolvendo a invasão da
cerimônia de acendimento da
tocha passou despercebida.
O diário ""Daily China", publicado na língua inglesa, trouxe oito artigos sobre o início do
revezamento da tocha, sem
mencionar incidentes. Manchetes e textos do periódico
festejavam o ""sucesso" da cerimônia de acendimento da tocha, que teve o trecho da invasão dos manifestantes censurada pela TV estatal chinesa. A
cobertura das redes CNN e
BBC do protesto, disponíveis a
estrangeiros hospedados em
hotéis, foram retiradas do ar.
"Um início perfeito para o caminho ao ouro", manchetou.
Chineses entrevistados nas
ruas de Pequim disseram nada
saber a respeito de protestos.
"Não é algo com que devemos nos preocupar", afirmou
um coletor de lixo que se identificou apenas como Zhang.
Com agências internacionais
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