São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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CBF foi infiel, afirma Hawilla à CPI

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário J. Hawilla criticou ontem pela primeira vez a exclusão de sua agência de marketing do acordo de patrocínio que será firmado entre CBF e AmBev.
Em depoimento à CPI da CBF/ Nike, na Câmara, Hawilla reclamou que faltou fidelidade a sua empresa, que há mais de dez anos participa como intermediária nos negócios da confederação.
Pelo acordo firmado entre a CBF e a Nike, principal alvo da CPI na Câmara, a Traffic vai faturar, até 2006, US$ 8 milhões.
Por ter sido excluída do negócio envolvendo a seleção brasileira e a AmBev (empresa resultado da fusão de Antarctica e Brahma), que dará à CBF US$ 170 milhões em 17 anos, a agência não terá a comissão de 5% a que normalmente tem direito -ou US$ 8,5 milhões.
A AmBev substitui a Coca-Cola como patrocinadora oficial da seleção. "Faltou fidelidade com a Traffic, que sempre intermediou os contratos com a CBF. Mas espero que nossa empresa seja chamada pela Ambev para operacionalizar o contrato", disse Hawilla.
A CBF, no entanto, não vai aceitar a interferência da Traffic no acordo. A entidade alega que foi procurada diretamente pela AmBev, que vai colocar a logomarca do guaraná Antarctica na camisa.
Apesar de ter reclamado da entidade em Brasília, Hawilla minimizou a participação da CBF nos lucros de sua agência. De acordo com o empresário, os negócios com a entidade representam apenas 1,37% do faturamento da Traffic. A maior parte dos recursos, segundo Hawilla, vem de acordos realizados no exterior.
O empresário disse ainda que sua variação patrimonial, de R$ 3,7 milhões em 94 para R$ 75,8 milhões em 98, foi fruto apenas de "muito trabalho e honestidade".
No início do depoimento, Hawilla respondeu aos questionamentos de Sílvio Torres (PSDB-SP), relator da CPI, sobre o contrato entre Nike e CBF. O empresário voltou a defender o acordo, que terá duração de dez anos.
Para o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), o depoimento de Hawilla foi importante para detalhar as relações entre a Traffic e a CBF.
Segundo o deputado paranaense, a única dúvida que o empresário não conseguiu esclarecer foi o envio de R$ 153 mil ao presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Emídio Perondi -irmão de Darcísio Perondi (PMDB-RS), deputado integrante da comissão.
Hawilla, que disse não se lembrar da operação realizada em 96 e em 98, ficou de enviar por escrito uma resposta aos deputados.
O depoimento do empresário foi o último na Câmara relacionada ao contrato CBF-Nike.
O relator Sílvio Torres disse já ter todos os elementos para elaborar o relatório final, que será votado pela CPI em 30 de maio.


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