São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

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Santos doma "bad boys" para ser rei da disciplina

Time, o que mais jogou na elite em 2007, é o único sem expulsos após 29 jogos

Até o goleiro Fábio Costa e o zagueiro Antônio Carlos têm se comportado em meio à maratona e a duelos contra rivais argentinos e uruguaios


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém, dos clubes que fazem parte da elite nacional hoje, jogou tanto em 2007. Entre os adversários, os catimbeiros argentinos e uruguaios pela Taça Libertadores da América. De quebra, um elenco com notórios encrenqueiros, como Fábio Costa e Antônio Carlos. Essa combinação parecia explosiva para o Santos em termos disciplinares. Mas, depois de 29 jogos oficiais, o time não teve sequer um jogador expulso na temporada, fato inédito para os 20 times que vão disputar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro neste ano. O time intacto em todos os jogos tem evidentes vantagens.
A defesa nunca fica exposta de forma exagerada, como acontece com o Corinthians, o recordista de vermelhos do Paulista. Tanto que o Santos tem a segunda defesa menos vazada do Estadual e a melhor da Libertadores -no nobre torneio continental, sofreu apenas um gol em oito jogos. Nas duas competições, o time registra também o melhor aproveitamento. Com Vanderlei Luxemburgo, que tem fama de comandar times disciplinados, o goleiro Fábio Costa está bastante calmo. Até cartão amarelo para ele é fato raro -em 28 partidas oficiais no ano, foi advertido uma única vez (segundo a súmula, por reclamar da arbitragem).
O treinador até defende a convocação de seu pupilo para a seleção. "O Fábio está realmente num momento muito bom", diz Luxemburgo. O zagueiro Antônio Carlos já foi suspenso por ofensas racistas e levou cinco vermelhos em apenas 21 jogos em uma edição do Brasileiro. No Santos de 2007, são 19 jogos sem expulsão -é verdade que no clássico contra o São Paulo uma entrada desleal foi relevada pelo juiz.
"Nós sempre procuramos jogar futebol. [Às vezes] acontece de fazer uma falta mais dura e levar o vermelho. Talvez possa acontecer na final. Espero que não. O Santos sempre teve uma boa marcação, mas que não é violenta", disse ele, que ainda aproveitou para cutucar os eliminados são-paulinos, que acusaram o Santos de violento. "É que ele [Luxemburgo] mandou bater muito neste campeonato, como falaram em alguns jogos" , declarou, ironicamente, ao comentar a falta de expulsões do time litorâneo.
Para a decisão estadual contra o São Caetano, a partir de domingo, no Morumbi, são os cartões amarelos que ameaçam o Santos -o lateral-direito Pedro e o zagueiro Adaílton estão pendurados e correm risco. "Preocupa, porque ninguém quer ficar fora da final. Mas vou me prevenir para não levar o terceiro. É só agir com prudência, e é o que farei. Há jogadas em que não é necessário agir de forma brusca", falou o beque.
O clube do ABC, por seu lado, também tem bom comportamento disciplinar. Seus jogadores somaram apenas dois vermelhos no Paulista, o terceiro menor número da competição. E os expulsos foram jogadores ofensivos, Somália e Canindé, sendo que este último recebeu o vermelho por se exceder na comemoração de um gol contra o Paulista de Jundiaí.
"Tem a mão do [Dorival] Júnior [técnico do time]. Ele sempre fala para ir na bola. E, estando bem fisicamente, você evita levar cartões desnecessários, ser expulso. Sem contar que tomar cartão pesa no bolso. A multa pelo vermelho é de R$ 1.500", diz o lateral Triguinho.


Colaboraram MARIANA CAMPOS, da Agência Folha, em Santos, e RENAN CACIOLI, da Reportagem Local


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