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Abandonado, Bahia revê boa fase dentro de campo
Sem a Fonte Nova, time tem só a décima maior média de público no Estadual
Líder de quadrangular, time, com menos de 3.000
pagantes por jogo, pode acabar com jejum de títulos
de quase uma década
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A torcida abandonou o Bahia.
E ela não faz falta para a performance da equipe no gramado.
O clube, sinônimo de arquibancadas cheias, pena na bilheteria depois que a Fonte Nova
foi fechada pela tragédia no último jogo da equipe em casa na
Série C do Brasileiro de 2007,
que matou sete pessoas.
No Baiano-2008, que tem 12
clubes, o Bahia, atuando como
mandante em Camaçari e Feira
de Santana, tem apenas a décima melhor bilheteria, com média de 2.856 pagantes por jogo
(praticamente a metade de média geral do torneio).
Número inimaginável para
quem levou mais de 40 mil pessoas por jogo à terceira divisão
do Brasileiro, ou que nos últimos anos teve médias de 10 mil
a 20 mil torcedores por partida
no seu campeonato estadual.
"Nossa torcida ainda não se
recuperou do que aconteceu na
Fonte Nova, da violência daquele desastre", diz Petrônio
Barradas, presidente do Bahia.
Mas o time se recuperou rápido do abandono dos fãs.
O Bahia lidera o quadrangular final do Estadual, com sete
pontos. Já bateu seu grande rival, o Vitória, no Barradão. Em
toda a competição, só perdeu
duas vezes em 25 jogos.
E sucesso dentro de campo é
algo que tem estado em falta
para o Bahia nesta década. Da
elite do Nacional, caiu para a
Série C -conseguiu o acesso
para a segunda divisão somente
no ano passado. No Estadual,
levantou a taça de campeão pela última vez na já distante temporada de 2001. Em alguns
anos, nem entre os dois primeiros conseguiu ficar, sendo superado por times do interior,
seus antigos sacos de pancada.
"Imagine o que faríamos se a
torcida estivesse presente", diz
o presidente Barradas, que foi
apontado pela polícia como um
dos responsáveis pelo ocorrido
na Fonte Nova, fato com o qual
a Justiça não concordou.
O cartola diz ainda que o Bahia sempre foi um campeão de
bilheteria por causa do estádio
hoje fechado. "Quando você fala em Bahia, fala em Fonte Nova", afirma Barradas. "O torcedor do interior ia até Salvador
para ver os jogos do time. Eles
não estão acostumados a viajar
para o interior. E o da capital
também não", completa ele.
Mesmo nos momentos decisivos o Bahia foi desprezado pela sua torcida. Contra o Itabuna, já pelo quadrangular final,
apenas 3.840 ingressos foram
vendidos para jogo disputado
em Camaçari, que nem tão longe de Salvador é -fica a cerca
de 50 quilômetros da capital.
Pior ainda foi na fase de classificação. Contra o Atlético de
Alagoinhas, o Bahia só conseguiu vender 752 ingressos. Arrecadou assim R$ 7.570,00, o
que não deu nem para pagar as
despesas do jogo -o clube teve
um prejuízo de quase R$ 600.
Uma tragédia para um clube
que sempre teve a bilheteria
como grande fonte de arrecadação. Na última Série C do
Brasileiro, o Bahia registrou arrecadação média de R$ 358 mil,
ou praticamente dez vezes o
contabilizado neste Estadual.
"Eu não sou daqueles dirigentes que diz que bilheteria
não é importante para as receitas do clube. Para o Bahia as
rendas são sim importantes.
Mas, para falar a verdade, o que
mais dói é ver o time jogar sem
torcida", diz Barradas, que não
considera mais a hipótese de o
clube jogar no Barradão, o estádio do Vitória, em Salvador.
"Eles fizeram uma enquete
em que 99% dos torcedores deles disseram não querer nossa
presença lá. Então a gente também não quer", justifica o presidente do clube tricolor.
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