São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

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COPA 2002

Seleção se expõe a fiasco em gramado ruim e só reage na etapa final

Em campo de areia, Brasil evita vexame no 2º tempo

DOS ENVIADOS A KUALA LUMPUR

Um jogo contra um adversário fraco, pior até do que o time reserva da seleção usado contra o titular nos treinos coletivos, disputado em um campo digno de times de várzea. Foi nesse cenário que o Brasil se submeteu ao risco de um vexame em seu último amistoso antes da Copa-2002, ontem, eliminado apenas no segundo tempo, quando marcou todos os gols da vitória por 4 a 0.
Embora se tratasse de um jogo que não servia para nada, às vésperas do Mundial, o time se sujeitou a jogar num gramado cheio de areia e esburacado, no estádio Bukit Jalil, em Kuala Lumpur.
Como recompensa, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) recebeu um cachê de US$ 1 milhão, um dos mais altos da fase de preparação para a Copa.
Durante a semana, o time mudou de estádio quatro vezes em quatro dias devido ao estado dos centros de treinamento malaios.
A situação irritou jogadores, como foi o caso do atacante Edílson. Além de reclamar dos campos, ele criticou as bolas e disse que não sabia o que o Brasil estava fazendo na Malásia. Chegou a classificar tudo como ""uma merda".
Ontem, a cada chute rasteiro, ou mesmo quando os jogadores corriam ou escorregavam, formava-se uma nuvem de areia no campo.
A seleção jogou com o seu segundo uniforme, o azul, preferido do técnico Luiz Felipe Scolari, uma vez que o do time da casa era amarelo. Foi o segundo amistoso do treinador com o uniforme azul -o primeiro havia sido contra a seleção da Catalunha, no último dia 18. Durante a Copa América-2001, Scolari chegou a optar pelo azul, por uma questão de superstição, quando a classificação brasileira estava em risco.
A Malásia ocupa a 112ª posição no ranking da Fifa -a pior classificação entre todos os adversários que a seleção enfrentou em sua preparação para a Copa.
O esporte mais tradicional no país é o sepak trakaw, misto de vôlei, futevôlei e arte marcial.
Mesmo assim, a equipe do Brasil não conseguiu sair do 0 a 0 no primeiro tempo.
A melhor chance até os 26min foi em uma jogada do zagueiro malaio Sulong, que cabeceou em direção ao seu próprio gol após cobrança de escanteio de Ronaldinho, no terceiro minuto de jogo. A bola bateu na trave.
Depois, Ronaldo viria a ameaçar o rival ao receber, livre na frente do gol, uma bola de Emerson. Ele concluiu certo, mas a defesa malaia interceptou a tempo.
Após a decepção na etapa inicial, Scolari mudou o esquema tático, abrindo mão de jogar com três zagueiros, como insistia.
Ele substituiu Edmílson pelo atacante Denílson, e o goleiro Marcos deu lugar a Dida.
O time, enfim, conseguiu reagir. Ronaldo, após quase três anos sem conseguir fazer gol pela seleção, desencantou. Aos 7min do segundo tempo, fez o primeiro gol do Brasil na partida.
Ronaldo havia marcado pela última vez no dia 7 de agosto de 1999, na vitória de 4 a 2 sobre a Argentina, em Porto Alegre.
Logo depois de uma nova mudança promovida pelo treinador, com a substituição de Kleberson, Rivaldo e Ronaldinho por Kaká, Edílson e Juninho, a seleção fez o seu segundo gol.
O autor: Juninho, que recebeu um passe preciso de Ronaldo e chutou na saída do goleiro.
O esquema ""camaleão" voltou a funcionar pouco depois. Novas mudanças -Belletti, Júnior e Gilberto Silva substituíram Cafu, Roberto Carlos e Emerson-, novo gol. Em ritmo de treino, Denílson partiu do meio-campo, driblou seu marcador e entrou livre na área para fazer 3 a 0.
Edílson completou o placar após matar a bola no peito dentro da área e driblar um adversário, aos 33min.
(FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)



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