DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS

A conquista do inédito título estadual e a classificação do Ituano, único time profissional de Itu, para a final do Supercampeonato Paulista conseguiu unir dois dos maiores adversários na cidade.
Durante toda a vitoriosa campanha no Paulista, a principal reclamação do empresário Oliveira Júnior, homem-forte do Ituano, foi a de que a cidade não prestava seu apoio ao clube.
Nas últimas rodadas ele ameaçou até deixar Itu: "A cidade não merece o time que tem".
Mas, com o bom desempenho da equipe, o prefeito Lázaro Piunti (sem partido) e os proprietários da Schincariol -indústria de bebidas com sede em Itu- se empolgaram e, desafetos confessos, decidiram ajudar a nova sensação da cidade, apesar de não concordarem com a forma como Oliveira administra o Ituano.
O estádio municipal Novelli Júnior recebeu uma nova pintura, apagando dos muros a marca da Schincariol, remanescente de anos anteriores, quando a fábrica ainda patrocinava o clube.
A empresa não ficou para trás. Fechou um contrato com o Ituano para os quatro jogos do Supercampeonato, colocou sua marca no uniforme do time e duas placas de publicidade no estádio.
"O Oliveira foi infeliz em dizer que a cidade não merecia o time, mas o Ituano está empolgando a todos e merece o apoio dos moradores. Cheguei a pedir a empresários que comprassem e distribuíssem ingressos para as partidas", afirmou Piunti.
O jornal que apóia a atual administração publicou uma edição especial com mensagens do prefeito parabenizando o Ituano. A homenagem da Schincariol foi estampada no jornal de oposição.
Satisfeito com os incentivos, Oliveira Júnior comemora. "O Ituano é a melhor maneira de se divulgar a cidade. O apoio é resultado do trabalho realizado", disse.
O ex-jornalista arrendou o futebol do Ituano por dez anos em 1999 e assumiu uma dívida de R$ 1 milhão. Ele se tornou proprietário do time, mesmo sem agradar à maioria dos conselheiros do clube. Oliveira também é empresário do lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Real Madrid e da seleção brasileira, e é dono do passe de cerca de 70 jogadores.
Independentemente das diferenças, os rivais estarão hoje nas arquibancadas do Novelli Júnior para aproveitar o momento histórico que vive o clube.
Alheio aos bastidores do Ituano, o técnico Ademir Fonseca define o time do interior paulista como "franco atirador" na decisão de hoje. "Se o São Paulo perder, vão falar "perdeu para o Ituano". Se vencer, "ganharam do Ituano". Nós já somos campeões paulistas, o que vier é lucro", afirmou.
Fonseca quer o Ituano ofensivo no jogo de hoje e exercendo uma forte marcação sobre o meio-campo do São Paulo. O treinador terá apenas um desfalque. O volante Everaldo cumpre suspensão. Richarlyson e Aender estão disputando a vaga.


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