São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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SEMIFINAIS/ HOJE

Outrora desacreditado, time de Scolari pode levar país a terceira final seguida

Brasil tenta consolidar zebra e alcançar marcas históricas

DOS ENVIADOS A SAITAMA

Independentemente de quem vença o jogo de hoje em Saitama, o time que dele sairá para pegar a Alemanha na final da Copa pode ser considerado uma zebra -é só uma questão de parâmetro.
Se a Turquia derrotar o Brasil, proporcionará mais uma surpresa no Mundial mais imprevisível da história, consolidando sua condição de zebra e encabeçando a lista integrada por Senegal, Coréia do Sul e Estados Unidos.
Caso os brasileiros triunfem, obtendo sua sexta vitória na Copa, terão alcançado alguns feitos históricos e, ao mesmo tempo, ratificarão uma linha ascendente que impressionou o mundo inteiro desde que a seleção colocou os pés nos gramados asiáticos.
Afinal, quem poderia supor, há oito meses, em meio à agonia da reta final das eliminatórias, que a cambaleante equipe de Luiz Felipe Scolari estaria na final do Mundial? Quem arriscaria dizer que a mesma seleção que em 2001 perdeu de Honduras, Equador, Bolívia e Uruguai e que foi coberta de vaias em estádios de São Paulo e Rio faria, até a semifinal, uma campanha com 100% de aproveitamento na Copa, marcando 15 gols e sofrendo apenas quatro?
O fato é que, se o azarão Brasil chegar mesmo à decisão, fará história não somente pela reviravolta que protagonizou em menos de um ano. Além do recorde de gols na primeira fase de uma Copa (11), um outro, mais simbólico, marcará a passagem da seleção pelo Mundial: será a primeira vez na história que o time nacional fará sua terceira decisão seguida.
Somente a Alemanha alcançou tal feito, em 82, 86 e 90. A possibilidade de participar da façanha chega a turvar a memória de alguns jogadores, que acham que o Brasil poderá ser o primeiro "trifinalista" de um Mundial.
Roberto Carlos é um exemplo. "Para a gente é um privilégio poder vestir a camisa de uma seleção que faz sua terceira final seguida. Qual foi a outra seleção que fez isso? Alguma? Só o Brasil. O que não entendemos é por que existia tanta crítica", queixa-se o lateral-esquerdo da seleção.
Não por coincidência, Roberto Carlos é o mais empolgado entre os jogadores e o único a assumir o favoritismo do Brasil -e ver aspectos positivos nessa situação. "O Brasil provou que camisa ganha jogo. Entrar num jogo desses como favorito te ajuda muito."
O discurso de seus colegas é o oposto. "A gente já viu nesta Copa que tradição e nome não valem nada", diz o goleiro Marcos, referindo-se às eliminações de franceses e argentinos na primeira fase.
"Não pode ter o excesso de confiança que tiveram Argentina e França. Se o Brasil mantiver as atuações, ajuda. Se só confiar na camisa amarela, é difícil", reforça o meia Juninho.
Mas todos concordam em um ponto: os turcos foram os adversários mais duros da seleção até agora no Mundial, e a dificuldade hoje tende a aumentar.

Por façanhas
Após se tornar, nesta Copa, o recordista em jogos oficiais pela seleção brasileira, superando Taffarel, Cafu, que fará sua 119ª partida com a camisa verde-amarela, joga em busca de outra façanha.
Caso o Brasil vá a decisão contra a Alemanha, o jogador participará em campo de sua terceira final de Mundial, algo que nenhum jogador no mundo fez. ""É muito bom para o ego", diz Cafu.
Outro feito numérico que pode ser alcançado pelo Brasil hoje diz respeito especificamente a este Mundial. Empatados na liderança da artilharia com o alemão Klose (cada um com cinco gols), Rivaldo e Ronaldo podem superar o concorrente, que não marcou ontem contra a Coréia do Sul.
Rivaldo pode ainda mais. O atleta do Barcelona fez gols nos cinco jogos do Brasil na Copa e, se voltar a marcar, continua no páreo para alcançar Jairzinho, o único brasileiro que balançou as redes em todas as partidas de uma Copa do Mundo, no México, em 1970. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)


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