São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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TÊNIS

O que se passa naquela cabeça?

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Logo depois de causar uma das maiores surpresas da história de Wimbledon, no ano passado, Roger Federer foi cercado por jornalistas. Um inglês perguntou o que passava por sua cabeça à medida em que ia endurecendo contra Pete Sampras e o que pensou quando fechou o quinto set.
"Eu olhava para o outro lado e via Pete. A vista estava embaçada; era como se fosse um sonho. Não imaginava estar jogando com ele, pois eu ganhava muitos pontos na rede, algo impossível. Quando fechei, reparei os aplausos. Ali vi que era real, mas, até então, na minha cabeça parecia um sonho silencioso."
Ontem, parecia estar sem cabeça. Um ano depois de tirar Sampras, perdeu em três rápidos sets do croata Mario Ancic (quem?).

No primeiro dia de Wimbledon, nem Andre Agassi, nem Sampras, nem Serena Williams ou Jennifer Capriati, nem quadra central. Os fotógrafos e curiosos foram até a quadra número dois para ver e clicar Anna Kournikova.
Não é só a beleza de seus olhos a atrair tanta gente; ultimamente, é necessário ver Anna já na primeira rodada, pois dificilmente ela vai continuar no torneio. Já virou piada, mas, pior, a piada está se tornando realidade.
E o que se passa na cabeça dela? Parece que nada. Anna continua dizendo que importante para ela é a diversão. É só isso?
Em Wimbledon, Chris Evert lançou a dúvida. "Tenho conversado com muita gente, e ninguém sabe o que Anna quer. É ser famosa, ganhar dinheiro, ganhar eleições de garota mais sexy do mundo ou ser uma grande tenista?"
Anna parece ser agora uma modelo que saiu de moda. Na cabeça dela, o que será que se passa?

O jogo agora é na quadra 15. Nem se compara ao burburinho da quadra 2. Pouca gente, nenhum fotógrafo.
O jovem Alexandre Simoni, 22, tem pela frente o eslovaco Karol Beck, 20. Pouco habituado à grama, Simoni nem sempre consegue executar o golpe com perfeição. Ainda assim, tem atuação ligeiramente superior à de seu adversário e abre dois sets de vantagem.
No terceiro set, o jogo segue equilibrado e vai de novo para o tie-break. Um erro, dois erros, e Simoni perde a chance de fechar. Depois, perde o quarto set e o quinto. Contra o número 210 do mundo, Simoni não fechou um jogo que lhe estava à mão.
E a cabeça, como é que fica?

Um dia depois, na quadra 18, é a vez de Flávio Saretta estrear. Nada a perder: contra o cabeça-de-chave número oito, Thomas Johansson, só a idéia na cabeça de fazer uma boa apresentação.
Johansson, campeão do Aberto da Austrália, começa a errar demais. Seu jogo não é tudo aquilo. Saretta, cuja maior arma não é a cabeça, ganha um, dois sets. Com 7/6 no quinto set, tem quatro chances para fechar o jogo. Perde a primeira, perde a segunda, perde a terceira, perde a quarta.
A partida ganha contornos dramáticos. Johansson sobe mais à rede, Saretta se fecha no fundo. Com 10/10, o brasileiro fica atrás, 0-40, mas reage. Depois, em seu segundo jogo na grama, derrota um rival que já tem 26 vitórias e dois títulos na grama.
Afinal, é a cabeça de Saretta que amadureceu?

De volta às quadras
Campeão em Wimbledon há seis anos, Richard Krajicek está de volta. Ele ficou 20 meses afastado por causa de uma delicada cirurgia no ombro. Em Hertogenbosch, foi eliminado por Roger Federer. Em Wimbledon, já ganhou de Gaston Gaudio.

Dívida em dinheiro
Causa furor em Wimbledon declarações de Pat Cash, em sua autobiografia, "Uncovered", de que Greg Rusedski lhe deve dinheiro. Nervoso, Rusedski diz que foi treinado por Cash por 17 dias, e não quatro meses, como diz o australiano. E que, por isso, nada deve.

Volta ou não volta?
Patrick Rafter deu pistas de que pode voltar. Quem abriu o bico foi John Newcombe, ex-tenista, amigo e companheiro de Davis. ""Patrick está pensando em bater bola em Sydney, quem sabe até no fim de julho mesmo." Objetivo: Aberto da Austrália-2003.

E-mail reandaku@uol.com.br



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