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AUTOMOBILISMO
F-1 troca banimento por "recomendação" e ameaça corridas para ter mais um ano de patrocínio tabagista
FIA retira o veto à publicidade de cigarro
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
A FIA voltou atrás em sua decisão de banir a propaganda tabagista da F-1 em 1º de outubro de
2006. Em reunião ontem em Paris, o conselho da entidade máxima do automobilismo apenas sugere que esse tipo de publicidade
seja evitado a partir dessa data.
Aparentemente retórica, a mudança dá sobrevida a contratos de
patrocínio e é um claro recado de
Max Mosley à União Européia,
que decidiu banir a propaganda
de cigarro no esporte a partir de
31 de julho de 2005. O banimento
em 2006 havia sido acertado pelo
presidente da FIA com a Organização Mundial da Saúde, mas o
acordo foi atropelado pela UE.
O próximo passo de Mosley é
efetivar a ameaça de tirar corridas
dos países europeus, exceção feita
a França e Inglaterra, que já realizam GPs sem marcas de cigarros.
"Essas duas corridas são o nosso
limite. Quem se antecipar a 2006
corre o risco de perder o GP por
quebra de contrato", declarou o
dirigente, ainda no ano passado.
O dirigente tem levado as promessas a sério. Em 2002, a Bélgica
aprovou uma lei antitabagista.
Mesmo tendo o melhor circuito
da F-1 -Spa-Francorchamps-,
perdeu seu GP. No ano que vem, é
a Áustria que deixa o calendário.
Além disso, a FIA vem tentando
realizar corridas em países da
Ásia e do Oriente Médio, menos
rigorosos em relação ao tabaco.
China e Bahrein, por exemplo,
devem receber GPs no ano que
vem. Austrália, Alemanha e EUA,
que abrem brechas específicas para receber a categoria, também
continuariam. Índia, México e
Egito seriam outras opções.
Em carta enviada a David
Byrne, comissário da UE para assuntos de saúde pública, Mosley
"oficializou" a ameaça. "Ao escolher uma data anterior à do resto
do mundo [em 2006], a União Européia força as equipes a procurar
eventos fora da Europa em parte
de 2005 e em 2006 a fim de cumprir os contratos de patrocínio."
Das dez equipes que disputam o
Mundial de F-1 em 2003, cinco
têm patrocínio de cigarro: Ferrari,
McLaren, Jordan, Renault e BAR.
A disputa entre a FIA e a UE pode acabar atingindo o GP Brasil.
Anteontem, o Senado aprovou
o adiamento para 2005 da entrada
em vigor da proibição da propaganda de cigarros em eventos esportivos no país, a ex-MP 118, que
provocou enorme polêmica ao
garantir, à véspera do primeiro
treino em Interlagos, a edição
deste ano da prova paulistana.
O governo, porém, seguiu a data
da União Européia. Ou seja, o GP
está sob as mesmas ameaças.
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